The Acolyte: vítima do fandom ou de si mesma?

The Acolyte: vítima do fandom ou de si mesma?

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The Acolyte ou A Acólita foi cancelada e surpreendeu poucas pessoas com essa notícia. Na verdade, houve quem esperou a renovação? Do universo de Star Wars, a produção prometeu muito e entregou pouco. Porém, ficou a dúvida: o fandom tóxico que derrubou ou a série que não soube conquistar o espaço?

Venha analisar um pouco da série e principalmente o ambiente em que ela foi inserida. Fique a vontade para comentar, concordar e discordar – mas sempre com diplomacia! Lembrando que, se você está começando nesse universo

intergaláctico, esse texto pode conter spoilers.

Rotten Tomatoes e o fãs problemáticos de Star Wars

A franquia Star Wars é uma das mais politizadas do universo nerd/geek e ao mesmo tempo tem uma porção de fãs “conservadores”, para não dizer racistas, machistas, homofóbicos etc e tal. LucasFilm, produtora dos filmes, está desde 1977 por meio de alegorias e subtextos falando sobre povos marginalizados, política autoritária, preconceito racial. Mas, se uma mulher é anunciada protagonista, um negro é posto em evidência, problemas são criados por uma parcela considerável do “fandom”.

No Rotten Tomatoes, antes mesmo do lançamento de The Acolyte, os fãs já estavam dando avaliações negativas a fim de derrubar a produção. “Quanto mais recepção negativa tiver, mais complicado será para a série se sobressair”, foi a lógica deles.

Mesmo sem consumir a série, os “fãs” da franquia sempre fizeram questão de criticar tudo, especialmente o protagonismo feminino. A principal reclamação era sobre “lacração”. Para esses consumidores a produção existiu apenas para falar sobre o poder da mulher e pautas relacionadas isso. Mas, você pode assistir com apenas um olho aberto e vai perceber que não se trata de nada disso (embora pudesse ser e não teria nenhum problema).

Por mais incrível que pareça: The Acolyte não respeita o fã

Se por um lado há uma comissão de fãs prontos para brigar contra a temida cultura Woke, por outro é necessário pontuar que essa série vai de encontro com tantas coisas, que até mesmo o mais brando espectador de Star Wars se sentiu minimamente ofendido.

A Acólita apresenta uma galáxia muito distante governada pela República. Os Jedi iam e vinham com liberdade. Era uma época aparentemente melhor do que foi apresentado nos Episódios I e II. Porém, nas sombras algo surgia, talvez até já existia e era um poder forte e que assustava o alto conselho dos Jedi.

As gemeas Mae e Osha foram separadas após uma tragédia; uma vive pelo lado da luz e a outra pelo lado sombrio da força. Nessa trama são apresentados cinco Jedi imprudentes, que mentem e não parecem manejar a força como deveriam (ou pelo menos como já foi estabelecido anteriormente).

Para o lado sombrio, não há o ódio que aparentava haver. Ao se lembrar de como Anakin foi corrompido por seus próprios anseios ver alguém titubeando, indo e voltando pelo lado sombrio, é de se questionar mais uma vez: o que estão fazendo com o conceito da força?

A produção erra ao mostrar uma face falha dos Jedi, pois não mostra como eles são humanos e errantes, mas sim como a história não se conhece e não se utiliza dos conceitos pré-estabelecidos na franquia. Erra novamente quando tenta humanizar o lado sombrio, pois não entrega nada do vilão, apenas sua cara e o manejo da força: mas origem e motivações? Isso não poderia ficar para uma possível continuação como foi o caso de Qimir.

Percebe quanto potencial havia? Um lado desconhecido dos Sith, a humanidade errante dos Jedi, um ambiente da República bem estabelecida, gêmeas geradas pela força (será que esse foi caso de Anakin?), crianças que sonhavam em ser Jedi pois não era uma lenda, conhecer Darth Plagueis?

Finalmente seria apresentado mais sobre os Sith nas telas e em live action! Essa série prometeu mostrar novos lugares de um passado intrigante. Mas, o telespectador se frustra a cada episódio ao lidar com o que poderia ter acontecido. Flashbacks fora de hora, histórias mal contadas, narrativas apresentadas de maneiras falhas.

Mas, certamente, o pior problema foi contido com o cancelamento: comprometer Yoda! Ao refletir sobre os três primeiros episódios de Star Wars, você consegue entender o quanto a comunidade Jedi estava corrompida por sua própria ignorância e arrogância envolta dos próprios erros e segredos. E, de boa parte disso, o Mestre Yoda sabia.

Com o final de Acolyte ficou a dúvida: ele sabia de muito mais coisa? Por que ficou subentendido que ele teve conhecimento de tudo que estava se passando naquele ponto da história. Então: Palpatine e companhia poderiam ter sido evitados? O futuro de Anakin teria sido diferente? São essas questões que ofende o verdadeiro fã da franquia.

O cancelamento foi dinheiro e nada mais

Embora existam todos esses argumentos apresentados e vários outros, o motivo real do cancelamento da série não foram os problemas narrativos ou fandom tóxico, mas a falta de audiência. Ou seja, se a série tivesse gerado lucros ao Disney+, certamente haveria renovação. Não foi o caso!

Jeffrey Sneider, jornalista e crítico de cinema, afirmou nesta semana que o problema comercial da série foi audiência. O público só foi cativado pelos dois primeiros episódios, depois disso houve apenas queda nos números e não teve recuperação.

Sendo assim, não há motivos para a indústria de streaming investir em algo que não dá retorno. Por mais que haja a briga woke X conservadores, no final das contas o verdadeiro vilão foi esse.

Sobre o Autor

Ana Cláudia Oliveira
Jornalista de formação, sou redatora há 10 anos. Já escrevi de tudo um pouco e agora estou mergulhando no universo do entretenimento. Há muito o que se descobrir por aí e é através da comunicação que quero fazer isso: this is the way!

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