Review | Um Perfeito Cavalheiro
O quão longe você iria para lutar por seu amor? Seria capaz de contrariar a tudo e todos por isso? Um Perfeito Cavalheiro, terceiro livro da saga ‘Os Bridgertons’, te faz pensar nisso e muito mais.
Em um baile de máscaras no ano de 1815, Benedict, o segundo dos irmãos Bridgerton, conhece uma misteriosa moça, por quem logo se encanta. A moça em questão é Sophie, uma jovem bastarda que por uma noite conseguiu escapar da residência de sua terrível madrasta para experimentar, pelo menos por algumas horas, o que seria fazer parte da alta sociedade de Londres. Lá, ela e Benedict vivem um momento mágico e muito romântico. Porém, ao escutar o badalar do relógio indicando a meia noite, Sophie precisa ir. Ele tenta impedi-la, mas tudo o que consegue é ficar com uma de suas luvas nas mãos.
Depois de meses de uma busca incessante por sua amada, Benedict, frustrado, segue sua vida. Anos depois, o casal se reencontra, mas ele não a reconhece. Mesmo assim, algo nela o atrai e o rapaz logo se apaixona mais uma vez. Depois que ele faz uma proposta tentadora, mas que Sophie recusa, os apaixonados precisam tomar uma decisão: esconder o que sentem um pelo outro ou dar um jeito de viver sua grande história de amor.
Sinceramente, eu não esperava que uma releitura de Cinderela pudesse resultar em uma história tão interessante e cheia de originalidade. A inspiração no famoso conto serve mais como pontapé inicial do que como o grande motor para o funcionamento de toda a trama. O andamento da obra é criativo e mostra que qualquer história recontada pode ser boa se for bem planejada e, no caso dos livros, bem escrita.
O contexto de vida dos protagonistas é o maior impeditivo para seu relacionamento. Benedict, por ser um homem da alta sociedade tem uma vida privilegiada e sem muitas preocupações. Já Sophie, além de ser uma bastarda, acabara tornando-se uma criada, o que a põe em uma posição social basicamente inexistente. Desde sua primeira interação, percebemos a intensidade do sentimento de um pelo outro. Talvez isso (além de sua fonte de inspiração, obviamente) é o que faz com que a história deles tenha tanta cara de conto de fadas. Em quase todos os contos, o casal, que geralmente acaba de se conhecer, logo se casa, e se não fossem os impedimentos sociais, tenho certeza de que com eles não seria diferente. Não sei explicar exatamente como, mas há algo de diferente na relação do casal desde o começo.
Para além da história de amor, temos também as histórias de duas pessoas que se sentem invisíveis. Cada um a sua maneira, ambos experimentam a sensação de não serem enxergados por quem são, mas por sua posição. Benedict é apenas mais um dos Bridgertons, o irmão do visconde, o segundo filho. Sophie foi “rebaixada” a uma mera serviçal desde a infância, tendo sua personalidade ofuscada pelo papel da gata borralheira. Não me entenda mal, não estou dizendo que eles passaram pelas mesmas dificuldades, mas que ainda assim conseguem entender, ao menos um pouco, a sensação de não serem vistos pelo que verdadeiramente são.
Sou um pouco suspeita para falar porque amo o personagem, mas Benedict realmente se prova um perfeito cavalheiro ao longo da trama. Além de ser bastante educado e bem intencionado, ele também é muito carinhoso e romântico, o mais sentimental dos protagonistas masculinos até agora. Por outro lado, Sophie não é uma moça tão inocente e recatada assim. Ela não é desrespeitosa e irresponsável, muito pelo contrário, mas ainda assim se mostra um pouco mais “esperta” que as mocinhas dos livros anteriores. Isso traz uma dinâmica um pouco diferente das obras passadas, o que, inevitavelmente também carrega uma sensação de renovo, o que é sempre bem vindo, ainda mais se tratando de uma saga tão grande.
Falando sobre histórias secundárias, temos pela primeira vez uma cena que se liga de forma direta ao próximo livro da saga. É uma interação relativamente rápida, mas que será de grande importância mais pra frente. Além disso, Lady Whistledown continua com seus comentários afiados sempre que possível, mas ainda sem indícios certeiros de sua real identidade. Também ressalto aqui a importância de Violet, a matriarca da família Bridgerton, para a história. Suas aparições são pontuais, mas sempre importantes e até mesmo um pouco cômicas.
Em resumo, Um Perfeito Cavalheiro tem uma aura praticamente mágica em sua história que faz com que você se lembre do porquê os contos de fadas são tão amados. Mais uma vez, Julia Quinn nos traz uma história deliciosa e capaz de (quase) nos convencer de que príncipes encantados andam entre nós.
Os Bridgertons – Um Perfeito Cavalheiro
Autora: Julia Quinn
Ano de publicação: 2001
Páginas: 282
Gênero: romance
Nota:⭐⭐⭐⭐ (4/5)
Classificação indicativa: 16 anos
Sobre o Autor
- Baiana, 22 anos, estudante de Cinema e Audiovisual. Apaixonada por animações e videogame. Amo falar e escrever sobre meus filmes, séries e livros favoritos.
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