Por que ‘Ainda Estou Aqui’ é importante para o Brasil?
Ainda Estou Aqui é o filme que está fazendo Fernanda Torres ser o momento. Não no Brasil, afinal a atriz sempre foi aclamada. Mas neste momento, por meio desse reconhecimento internacional, a história recente do Brasil está com a luz do mundo sob ela.
E o mais curioso é que essa história é o que exige silenciamento, exclusão, esquecimento. Mas a ditadura não foi e não será esquecida, só assim pode ser feito um futuro melhor e cada vez mais distante dela. Tentam mudar o nome, chamar de revolução, esquecer o período de dor que foram esses anos, porém isso não vai acontecer, especialmente quando há uma repercussão tão grande em cima deste longa.
Ainda Estou Aqui, a história do Brasil e a importância da arte
Sem spoilers, a história do filme fala sobre quando nos anos 1970, no Rio de Janeiro, durante a ditadura militar, a família Paiva – Rubens (Selton Mello), Eunice (Fernanda Torres) e seus cinco filhos – vive com afeto e humor como resistência à opressão. Porém, um ato violento muda suas vidas para sempre.
Eunice precisa se reinventar para proteger a família, em uma história emocionante baseada no livro de Marcelo Rubens Paiva, que marcou a história do Brasil.
A ditadura militar no Brasil durou entre os anos de 1964 e 1985. Com os militares no poder, a liberdade foi tirada, seja diretamente ao ceifar vidas, ou quando restringiu a arte e a comunicação como todo, das músicas até a maneira de se distribuir notícias.
Nos últimos anos se tornaram comuns movimentos que defendem o retorno do regime ditatorial, tanto por pessoas que se reúnem para livremente exigir isso (controverso, hein?) quanto por pessoas públicas ou figuras políticas que exaltam esse tempo de trevas.
Portanto, se torna no mínimo emocionante ver um filme como esse sendo aclamado internacionalmente. Ao se falar da carência brasileira por boas notícias é bom celebrar essa conquista por meio de Fernanda Torres. Mas, ao pensar no que estão vendo sobre o Brasil é notar como ainda é possível vencer esse tempo tortuoso. E o melhor de tudo: com arte!
Tentaram calar, esquecer, apagar. Mas por meio da arte que tanto cercearam hoje o resto do mundo conhece a mancha mais recente desse país, para que assim possamos nunca esquecer de onde não devemos voltar.
É comum ver grandes histórias internacionais, mas assistir o resto do mundo conhecendo um pouco do nosso país fora do clichê ou da hipersexualização, dando de brinde uma aula sobre nossa existência, é muito bom!
O poder da arte na mais pura forma.
Sendo assim, há quem critique Fernanda Torres dizendo que até gosta, “mas essa politização foi longe demais“. Tem também quem fale mal das leis de incentivo a cultura. Sem contar os que negam que os anos de ditadura foram apenas de atraso, dor e sangue. Mas no final das contas, Ainda Estou Aqui, é importante por conta de tudo isso e mais um pouco.
Que haja mais incentivo cultural para falar sobre o que há ou houve no país. Tanto histórias como essas, como as outras que há. Até porque estamos muito mal acostumados, já espero pela próxima temporada de premiações com os nossos sendo aclamados (e com muito meme, é claro).
Sobre o Autor
- Jornalista de formação, sou redatora há 10 anos. Já escrevi de tudo um pouco e agora estou mergulhando no universo do entretenimento. Há muito o que se descobrir por aí e é através da comunicação que quero fazer isso: this is the way!
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É simplesmente incrível ter reconhecimento por um trabalho tão maravilhoso, artístico e tocante. Um filme que transborda o Brasil, no seu caos passado e nas suas pequenas belezas.
A Fernanda inspira arte e respira luz, o peso de ter feito a Eunice, o peso de ser em tela aquela vida que tanto lutou por algo visto como banal, é simplesmente gritante.
Parabéns pelo artigo. Esse sentimento que você trouxe no artigo de alegria e curiosidade em saber mais sobre o foi e é nosso Brasil, misturado ao paradoxo político e de opiniões dos comuns, que sob a democracia clama por ditadura, ou a enaltece. Me prendeu ao texto. Concordo plenamente que nem Fernanda e nem o tema explorado são novidades para nós brasileiros, mas o reconhecimento mundial sim, nesta dimensão, impressiona. Principalmente pela serenidade e simplicidade do filme. Os artistas se entregaram aos personagens. E tal reconhecimento, nos despertou ao filme, e nos rendemos a ele.