Crítica | The Boys (4ª temporada)

Crítica | The Boys (4ª temporada)

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Chegamos à quarta temporada de The Boys, já previamente anunciada como o penúltimo ano da série. Isso traz lados positivos e negativos, dualidade que permeia a temporada como um todo.

A seguir teremos SPOILERS da quarta temporada de The Boys, então siga por sua conta e risco!

Assista aqui às análises de cada um dos episódios da 4ª temporada de The Boys

Em um ano de eleições nos Estados Unidos, a série baseada em quadrinhos mais politizada da atualidade não perderia oportunidade de falar sobre o assunto e ter nesse fato a base de grande parte da sua trama. Aqui, Victoria Neuman (Claudia Doumit) é eleita vice-presidente e com isso Homelander (Antony Starr) pretende usá-la como uma aliada para se alçar ao poder. Com ajuda de novas aliadas como Mana Sábia (Susan Heyward) e Espoleta (Valorie Curry), o herói mais psicopata de todos põe em prática um plano de dominação que transformará os EUA em uma ditadura dos super.

No lado dos heróis, Billy Bruto (Karl Urban) e Os Caras estão cada vez mais separados, fisicamente e em ideais. Bruto tem poucos meses de vida por conta de um tumor no cérebro e quer cumprir a promessa que fez a Becca: proteger Ryan (Cameron Crovetti). Marvin Milk (Laz Alonso) é o novo líder do grupo, que agora não tem mais a mesma unidade de outros tempos e com isso vemos pouquíssimas cenas da equipe junta. Annie (Erin Moriarty) tenta se afastar da imagem de Starlight e tenta se estabelecer como uma figura de contraponto aos ideais de Homelander e da Vought.

Gosto muito das críticas colocadas neste ano, principalmente neste fator político. Alguns dizem que a série perdeu a sutileza, mas ela só vez escancarar o que faz desde o princípio. E, digo mais, ainda abriu espaço para mostrar que há sim erros gigantes nos dois lados da moeda, e que talvez nenhum deles seja o caminho ideal.

O grande problema da temporada 4 de The Boys é que ela é muito mais uma preparação para o ano final do que uma temporada com o objetivo de resolver seus principais arcos. Não faria sentido, afinal, acabar com o problema se temos um último ano pela frente. Então, a maioria das tramas é apresentada ou avança pouco para deixar “o melhor para o final”, digamos assim.

As adições de Mana Sábia e Espoleta são benéficas para a série, ainda que acredite que faltou explorar mais o potencial principalmente da primeira citada. O tempo inteiro ela parece ter algo que está à frente do que nós, enquanto público, sabemos, mas pelo menos por enquanto isso não ficou claro. Já Espoleta inicia como uma ótima antagonista para Annie, mas aos poucos vai assumindo um papel de capacho do Capitão Pátria, o que é uma pena.

O melhor arco da temporada é o do Trem-Bala (Jessie T. Usher), com certeza. Se o personagem vinha flertando com a redenção nos anos 2 e 3, agora sem dúvidas ele mudou de lado. Primeiro agindo como um espião repassando informações da Vought e do Homelander para Os Caras, até confrontar alguns de seus companheiros do Sete e precisar fugir. Tudo se encaminha para uma morte heroica. A melhor cena da temporada é com ele, logo após salvar Leitinho e ser admirado por uma criança.

Hughie (Jack Quaid) tem o arco mais chato, que felizmente é encerrado no episódio 5. Já Kimiko (Karen Fukuhara) e Francês (Tomer Capone) parecem rodar em um looping que não leva a nada, mas que no fim é bem resolvido. As tramas de forma geral não influenciam nas maiores histórias da temporada.

Diferente da trama que envolve a busca pela identidade de Annie. Ela renega ser Starlight, mas o seu passado vem assombrá-la na figura da Espoleta, enquanto também tenta se equilibrar como a figura do espectro político contrário ao do Capitão Pátria. Na reta final, quando precisa confrontar a si mesma, a personagem ganha força para chegar no último ano bem melhor do que começou a série.

Sobre o grande confronto da série desde o início: Homelander contra Billy Bruto. As histórias de ambos têm similaridades. Os dois percebem um fim próximo. Bruto por perder a vida e Homelander por estar envelhecendo. Então, ambos tentam levar um legado. Enquanto Billy Bruto busca uma redenção para Ryan e assim cumprir uma promessa, Homelander tenta transformar o garoto em uma versão sua para assumir seu lugar em breve. Esse embate não chega a acontecer de fato em tela, mais uma coisa guardada para o ano final.

Cito como os principais pontos positivos: as interações entre Billy Bruto e Joe Kessler (Jeffrey Dean Morgan), as críticas políticas e às formas de comunicação, o arco de redenção do Trem-Bala e os conceitos trazidos pelas personagens Mana Sábia e Espoleta. Já como pontos negativos temos: a progressão lenta da história, arcos que não mudam o status quo dos personagens e a péssima utilização do gancho deixado pela primeira temporada do derivado Gen V.

Por fim posso dizer que essa temporada de The Boys tem altos e baixos. Há momentos incríveis, como uma sequência de luta envolvendo Bruto, Starlight, Profundo e Black Noir II no episódio 7, e há outros menos interessantes, como o ataque de ovelhas mutantes (que ainda assim é divertido). A progressão lenta da trama é um problema e, sim, isso faz essa ser a pior temporada da série, mas sem perder tanto o nível.

Agora todas as peças estão no tabuleiro e um final épico nos espera em 2026. Que seja marcante, do jeito que só The Boys sabe fazer!


The Boys (4ª temporada)

Showrunner: Eric Kripke
Elenco: Karl Urban, Jack Quaid, Laz Alonso, Tomer Capone, Karen Fukuhara, Antony Starr, Erin Moriarty, Cameron Crovetti, Susan Heyward e mais
Ano: 2024
Episódios: 8
Nota: ⭐⭐⭐ (3/5)

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 28 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.

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