Cine Retrô | Taxi Driver

Cine Retrô | Taxi Driver

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Taxi Driver é um clássico do cinema moderno e uma parada obrigatória tanto para os fãs do diretor Martin Scorsese, quanto para o ator protagonista Robert de Niro. De 1976, o longa mostra um motorista de táxi em uma Nova York caótica em tempos agoniantes de eleições.

Apesar de já ser um filme antigo, continua com temas atuais e é muito referenciado em produções mais recentes, a exemplo de Coringa, que foi lançado em 2019.

Qual é a história de Taxi Driver?

Como já foi mencionado, o filme é dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Robert De Niro, que dá vida a Travis Bickle. Ele é um ex-fuzileiro naval solitário e mentalmente instável que trabalha como taxista noturno em Nova York.

Vivendo em meio ao caos da cidade, Travis desenvolve uma visão cada vez mais paranoica e violenta sobre o mundo ao seu redor. Ele tenta se conectar com Betsy (Cybill Shepherd), uma voluntária de campanha política, mas seu comportamento estranho a afasta.

Obcecado com a degradação da sociedade, o taxista decide “limpar as ruas” e começa a se armar.

Ao conhecer Iris (Jodie Foster), uma jovem prostituta de 12 anos, Travis canaliza sua frustração para resgatá-la da exploração.

A jornada do protagonista culmina em um ato de violência brutal contra os cafetões de Iris, tornando-se um herói improvável aos olhos do público. O filme termina com um tom ambíguo, sugerindo que a instabilidade dele pode levá-lo a um novo surto.

A obra é um retrato sombrio da solidão, alienação e da linha tênue entre heroísmo e loucura.

Por que é um filme marcante?

Taxi Driver escancara muitas questões que por vezes são mascaradas, com por exemplo Nova York como uma cidade problemática e suja, tanto no literal quanto no moral. Além disso, mostra como a violência á parceira diária daquele ambiente.

A análise sobre a mente humana, o que solidão e os problemas cotidianos podem causar também são postos a mesa de forma sucinta e mostrado na prática como funciona.

A objetificação da mulher também é pautada, desde a maneira como o taxista trata o affair levando para um encontro em um cinem de filmes pornográficos, até como a prostituição pode atingir até mesmo meninas de 12 anos.

O final de Taxi Driver e seus significados

Esse filme trabalha com muitos conceitos e panos de fundo que podem gerar diversos debates. Mas, o mais interessante de todos é como ele termina igualmente ao começo. O início e o fim de Taxi Driver são visualmente e tematicamente semelhantes para reforçar a ideia cíclica da mente perturbada de Travis Bickle.

No começo, o filme apresenta Travis dirigindo pelas ruas de Nova York, observando a cidade com um olhar frio e distante. Ao longo da trama, ele passa por uma transformação violenta, culminando no massacre dos cafetões de Iris.

No entanto, ao final, após ser considerado um “herói”, ele retorna à sua rotina como taxista, como se nada tivesse mudado.

Esse ciclo sugere que Travis não encontrou uma verdadeira redenção, apenas uma válvula de escape temporária para sua frustração. Sua alienação e instabilidade permanecem, e o olhar final pelo retrovisor indica que ele pode explodir novamente a qualquer momento.

Isso reforça a crítica do filme à sociedade, que glamouriza a violência e ignora os sinais de problemas psicológicos.

Uma teoria sobre a história de Taxi Driver

Há uma teoria de que tudo que acontece em Taxi Driver após o massacre é um delírio de Travis. A história sugere que ele morreu no tiroteio e que os momentos finais do filme são apenas uma fantasia criada por sua mente antes de morrer.

Pontos que sustentam a teoria:

  1. A Mídia e o “Heroísmo” Exagerado:
    • Após matar os cafetões de Iris, Travis é tratado como um herói pela mídia e até pelos pais da garota, que enviam uma carta de agradecimento. Esse desfecho é visto como irreal, considerando que ele cometeu um ato brutal e caótico.
    • O reconhecimento positivo da sociedade contrasta com a realidade de que um homem como ele provavelmente seria preso ou visto como um criminoso.
  2. O Comportamento de Betsy no Final:
    • Betsy, que antes rejeitava Travis, aparece em seu táxi no final e o trata com respeito, quase admiração. Isso pode ser um desejo inconsciente dele se manifestando em um delírio.
    • Em vez de buscar vingança ou continuar a desprezá-lo, ela parece encantada, o que não condiz com a forma como o rejeitou antes.
  3. A Atmosfera Onírica do Final:
    • A trilha sonora e a cinematografia da cena final são diferentes do restante do filme, com um tom mais etéreo, como se fosse uma despedida surreal.
    • Travis olha pelo retrovisor de forma estranha, e um som perturbador acompanha o momento, sugerindo que algo não está certo.
  4. O Clichê da “Última Visão” Antes da Morte:
    • Alguns interpretam o final como a clássica “visão final” antes da morte, onde o protagonista imagina um desfecho perfeito para sua vida.

Curiosidades sobre Taxi Driver

1. A frase “You talking to me?” foi improvisada

A icônica cena de Travis Bickle falando com o espelho e dizendo “You talking to me?” (“Você está falando comigo?”) foi improvisada por Robert De Niro. O roteiro apenas dizia que Travis falaria sozinho diante do espelho, e De Niro criou a cena no momento.

2. Robert De Niro trabalhou como taxista de verdade

Para se preparar para o papel, De Niro obteve uma licença de taxista e dirigiu em Nova York por várias semanas. Ele queria entender a rotina e os hábitos dos motoristas.

3. Jodie Foster tinha apenas 12 anos e precisou de uma dublê

Jodie Foster, que interpretou Iris, a jovem prostituta, era menor de idade, então sua irmã mais velha, Connie Foster, serviu como dublê em cenas mais sensíveis. Além disso, psicólogos acompanharam a atriz no set para garantir seu bem-estar.

4. A censura quase impediu o lançamento do filme

Devido à violência gráfica, a MPAA (Motion Picture Association of America) queria dar ao filme uma classificação X (restrita para adultos). Para evitar isso, Scorsese alterou a cor do sangue na cena do massacre para um tom mais escuro, reduzindo o impacto visual.

5. O roteiro foi inspirado na solidão do autor

Paul Schrader, roteirista do filme, escreveu Taxi Driver durante um período de depressão extrema. Ele se sentia isolado e passava noites dirigindo por Los Angeles, assim como Travis.

6. O personagem de Travis foi inspirado em um criminoso real

O comportamento de Travis Bickle tem semelhanças com Arthur Bremer, um homem que tentou assassinar o governador George Wallace em 1972. Bremer mantinha um diário detalhado, que influenciou a construção do personagem.

7. Martin Scorsese aparece no filme

O diretor faz uma participação especial como um passageiro perturbado que observa a esposa traí-lo e planeja matá-la. Scorsese decidiu atuar na cena porque o ator original não apareceu para a gravação.

8. O calor extremo afetou as gravações

As filmagens aconteceram durante uma intensa onda de calor em Nova York, tornando as ruas ainda mais sujas e caóticas. Isso contribuiu para a atmosfera decadente do filme.

9. O filme influenciou um atentado contra o presidente dos EUA

John Hinckley Jr., que tentou assassinar Ronald Reagan em 1981, era obcecado por Taxi Driver e Jodie Foster. Ele tentou impressioná-la replicando o comportamento de Travis Bickle.

Sobre o Autor

Ana Cláudia Oliveira
Jornalista de formação, sou redatora há 10 anos. Já escrevi de tudo um pouco e agora estou mergulhando no universo do entretenimento. Há muito o que se descobrir por aí e é através da comunicação que quero fazer isso: this is the way!

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