Cartilha do politicamente correto? X-Men’97 tem de sobra

Cartilha do politicamente correto? X-Men’97 tem de sobra

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A “lacração” chegou a X-Men’97 como já era esperado por todo mundo. Se você queria neste desenho apenas diversão e o bom entretenimento quadrinesco que já foi visto no desenho de 92 ou até mesmo em  X-Men Evolution, sinto muito. Até porque, X-Men, inclusive essas obras anteriormente citadas, sempre foi e sempre será sobre política, diversidade e questões sociais. Ou, como um certo grupo de pessoas prefere chamar atualmente: pura lacração. 

Busque por críticas médias sobre as últimas produções da Marvel, DC ou Star Wars e você vai encontrar diversos comentários sobre como a qualidade das produções caíram por dar espaço a cultura “woke”/lacração/política/feminismo/mimi. 

Sem aprofundar em todos esses universos cinematográficos e indo diretamente ao ponto de X-Men ’97, a animação cumpre exatamente com o propósito inicial e com o material-base. Esse texto não é uma crítica da animação, até porque isso você pode ler aqui, o universo dos mutantes é essencialmente sobre política e não tem para onde fugir. Era política quando foi feito para os gibis, foi política ao ser adaptado para a TV em 1992, bem como na adaptação dos cinemas nos anos 2000 e por aí vai. E se você não percebeu isso antes, ou era por conta da idade ou porque simplesmente não prestava atenção a isso.

Vamos aos fatos – contém spoiler das produções sobre os X-Men

As origens dos maiores líderes dos mutantes já dizem muito sobre toda essa discussão. Além do mais, X-Men ’97 mostra de maneira perfeita a relação conflituosa e amistosa que eles têm, justamente por conta dessa origem. Já sabe de “quens” se trata? Professor Xavier e Magneto!

Inspirados em Martin Luther King Jr e Malcom X, eles contrastam argumentos e meios em prol de um mesmo ideal: vida longa aos mutantes. Caso não saiba, estes dois são nomes importantes na luta contra o racismo nos Estados Unidos. Porém, um sonhava com um país de paz, onde negros e brancos conviviam com tranquilidade e o outro achava que ter uma atitude radical era a melhor saída para combater a luta racial.

Ainda dentro da pauta racial, há um episódio de X-Men ’92 chamado “O Valor de um Homem – Parte 1”, que mostra um universo paralelo em que o Professor Xavier não viveu a tempo de juntar o grupo. Nesta história, Tempestade e Wolverine são casados e protagonizam a narrativa. Dentro da trama, há um momento em que eles e outros personagens são perseguidos em um bar, Ororo entende que há uma questão racial por trás e dispara:

“Preconceito racial? Isso é patético e antiquado!”

Quando anda-se mais para frente, nos anos 2000, para as adaptações dos filmes, há uma chuva de alegorias sobre política, diversidade e afins. 

O terceiro filme da trilogia principal, X-Men: O Confronto Final, mostra a cura mutante, onde prometem uma mudança genética para que todos os “estranhos” entrem na “normalidade”. Dessa forma, apesar da mutação ser completamente natural, os humanos enxergam como uma doença, uma falha, algo a ser combatido e pior, exterminado. 

O retorno dos X-Men não poderia ser diferente

Embora X-Men ’97 seja uma continuação da animação lançada anos atrás, a narrativa segue atual e fazendo todo sentido, tanto para o tempo retratado na série, quanto para o mundo real; tanto para o universo dos mutantes não aceitos, quanto para o universo real onde as minorias são segregadas diariamente. 

A animação do Marvel Studios cumpre o papel do entretenimento e também o social de reflexão. A cada pequena história concluída um soco no estômago de pensar: “é justamente isso que acontece”.

Magneto é radical em ações, mas ao se pensar em cada mutante que teve de viver na escória EXCLUSIVAMENTE por ser mutante, é compreensível ele ser tão semelhante a Malcom X. 

As alegorias e comparações dos X-Men não poderiam ser mais claras, afinal se fossem, seriam documentários da vida real. Dizer que antigamente não existia isso é um falso argumento. Que bom que já existia, ótimo que ainda há e maravilhoso que faz sucesso.

Texto: Ana Cláudia Oliveira

Sobre o Autor

Ana Cláudia Oliveira
Jornalista de formação, sou redatora há 10 anos. Já escrevi de tudo um pouco e agora estou mergulhando no universo do entretenimento. Há muito o que se descobrir por aí e é através da comunicação que quero fazer isso: this is the way!

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