Review | Para Sir. Phillip, com Amor
As expectativas que criamos sobre as pessoas e as situações da vida muitas vezes são erradas. Em nossas mentes, temos certeza de que o que planejamos é o melhor, mas quem pode garantir isso, afinal? Com isso em mente, vou te contar o que achei do quinto livro da saga Os Bridgertons, Para Sir. Phillip com Amor.
Eloise Bridgerton é uma jovem que adora escrever cartas. Após a morte de uma prima distante da família, ela decide mandar uma carta desejando suas condolências ao recém viúvo, Phillip. Surpreso com a atitude da moça, ele resolve respondê-la em agradecimento. A partir daí, os dois começam a se corresponder com bastante frequência e criam uma espécie de amizade. Após alguns meses, Phillip, que buscava uma nova esposa para ajudá-lo a cuidar de seus filhos pequenos, faz uma proposta para Eloise: que ela vá visitá-lo para que se conheçam de fato e que, se eles se dessem bem, pudessem então se casar.
Depois de se conhecerem pessoalmente, ambos chegam à conclusão de que não são exatamente do jeito que imaginavam. Ela é muito tagarela e caprichosa; ele é rude e difícil de lidar. Apesar disso, quando Eloise está calada, ele só consegue pensar em beijá-la. Quando Phillip sorri, ela tem vontade de largar tudo e se atirar em seus braços. A partir daí, os dois precisam descobrir se, apesar de suas diferenças, eles foram feitos um para o outro.
Enxergo o casal principal da vez como o menos romântico até o momento. Sim, eles se gostam, mas de um jeito menos “grudento”, digamos assim. Ambos são pessoas muito práticas, diretas e (aparentemente) não tão sentimentais, então isso até que faz sentido para eles. Me arrisco a dizer que a história dos dois é bastante “normal” num sentido de grandes acontecimentos. Nada de muito impactante, pelo menos aos meus olhos, acontece ao longo da história, exceto pelos eventos do prólogo. Talvez eu esperasse uma história recheada de surpresas e momentos de tirar o fôlego como no livro 4 e por isso tive a sensação de que alguma coisa estava faltando. Mesmo assim, não acho que seja um livro ruim, apenas não tão emocionante quanto eu gostaria.
Quanto à protagonista, Eloise é uma personagem pela qual eu já tinha um carinho muito grande graças às histórias passadas. Ela é divertida, determinada e carrega em si uma característica muito boa: a certeza de que é dona de sua própria história. Devido à época em que vive (período regencial de Londres) a moça tem bastante limitações, mas ainda assim faz tudo o quanto pode para controlar ao máximo sua vida e suas escolhas. Ao mesmo tempo que é uma grande qualidade, isso também faz com que ela se frustre rapidamente quando as coisas saem de seu controle. Esse equilíbrio de qualidades e defeitos faz dela uma personagem bastante interessante e realista.
Falando de Phillip, confesso que demorei bastante para me conectar com ele. Talvez seja por sua personalidade mais melancólica e meio distante. De todos os agregados à família Bridgerton ele é quem eu menos gosto (pelo menos até agora). Ainda assim, não posso dizer que ele não é um bom personagem. Sua história de vida é bastante conturbada e isso explica o porquê de suas atitudes e comportamentos. Phillip é uma pessoa complexa, com lados positivos e negativos como qualquer outro.
É interessante ver como o desenvolver da história dos protagonistas é diferente das outras. Por muito mais tempo do que os casais passados, eles não sentiam nada além de atração um pelo outro. Isso os leva a terem uma dinâmica bastante única. O amor verdadeiro entre eles vai sendo construído de pouco a pouco ao longo de toda a trama, tendo seu grande momento lá pro final mesmo. Acredito que esse fator é o que me tenha feito não gostar tanto desse livro quanto dos outros. Além disso, achei a primeira metade da obra meio morna, as coisas começam ficar mais interessantes do meio pro fim.
Apesar do clima meio triste que acompanha uma parte da história, existem, sim, cenas bem engraçadas. As interações de Eloise com os filhos de Phillip são sempre (extremamente) caóticas, o que traz uma leveza necessária em diversos momentos. Falando neles, Oliver e Amanda são crianças encapetadas mas muito, muito fofas. Sinceramente, não sei como eles conseguem ter um equilíbrio tão perfeito de dar vontade de esganar (diga não à violência!) e de abraçar ao mesmo tempo. Eles são parte essencial para o desenvolvimento de toda a história e dos protagonistas também.
Senti uma certa semelhança dessa história com a do primeiro livro, O Duque e Eu. Tudo é bem intimista e, apesar de outros personagens da família aparecerem aqui, suas participações são pequenas e precisas. Dessa vez, dou um destaque especial para os irmãos Bridgerton (sim, todos eles) que fazem uma participação muito caótica e divertida.
E, infelizmente, não temos mais os sagazes comentários de Lady Whistledown aqui. A solução encontrada para essa falta foi esperta, mas ainda assim, senti saudades de ler os deliciosos comentários da fofoqueira mais famosa de Londres.
Apesar de não ter gostado tanto quanto os outros, ainda considero Para Sir. Phillip com Amor um bom livro. Como uma obra única, é interessante, cativante e belo do seu próprio jeito. Como parte da saga Os Bridgertons, sinto que poderia ser melhor. De qualquer forma, me diverti com a leitura e revistaria a história em outro momento sem problemas.
Os Bridgertons – Para Sir. Phillip, com amor
Autora: Julia Quinn
Ano de publicação: 2003
Páginas: 228
Gênero: romance
Nota:⭐⭐⭐ (3/5)
Classificação indicativa: 16 anos
Sobre o Autor
- Baiana, 22 anos, estudante de Cinema e Audiovisual. Apaixonada por animações e videogame. Amo falar e escrever sobre meus filmes, séries e livros favoritos.
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