Review | O Conde Enfeitiçado
Você já ouviu falar que todos nós temos um amor da vida e um amor pra vida? Caso não conheça essa teoria, não se preocupe. O Conde Enfeitiçado, sexto livro da saga Os Bridgertons, vai te mostrar de forma clara o que essa teoria quer dizer.
Agora, acompanhamos a história de Francesca, a sexta irmã. Diferente dos outros Bridgertons, ela é mais tímida, introvertida e quase sempre se mantém mais afastada da família. Por outro lado, conhecemos Michael Stirling, um rapaz charmoso e divertido, mas sem título de nobreza algum e que também é conhecido como um grande conquistador.
Apesar disso, ele se apaixona por Francesca desde a primeira vez que a vê. O grande problema é que ela estava prestes a se casar. Como se isso já não bastasse, ela casara com John, o conde de Kilmartin e primo de Michael.
Infelizmente, John subitamente morre depois de apenas dois anos de união. E então, quatro anos após sua partida, Francesca decide que é hora de se casar novamente e vai à sociedade londrina em busca de um marido. Quando vê que as opções disponíveis não são das melhores, Michael precisa tentar convencê-la de que ele será o melhor para ela.
Apesar da culpa que toma os dois, a paixão e o desejo são mais fortes do que a razão. Agora, só cabe a Francesca decidir o que é o certo a se fazer.
Devo dizer que essa história me cativou antes mesmo de eu começar a lê-la. Não é exatamente a narrativa mais comum a se encontrar num livro de romance, e acredito que esse é seu grande charme. Essa não é somente um história de amor, mas uma história de como aprender a amar novamente.
É compreensível que Francesca se sinta perturbada com a ideia de ficar com Michael, não só porque ele era primo de seu falecido marido, mas também porque isso significaria que ela precisaria abrir seu coração para o amor mais uma vez. Já para Michael, como se já não bastasse a culpa de amar alguém que não deveria, ele ainda sente que está roubando a vida de seu primo, de pouco a pouco e a cada dia.
Ambos protagonistas se questionam o tempo todo sobre certo e errado, seus valores, caráter e, principalmente, sobre o que se deve fazer em situações complicadas como essas.
Como eu já disse anteriormente, Francesca não é como os outros membros de sua família. Apesar de amá-los incondicionalmente, ela precisa de seu espaço e sua independência para pensar e tomar decisões. Em alguns momentos ela pensa tanto no que deve fazer que acaba perdendo tempo de viver coisas incríveis (confesso que me identifico um pouco).
Ela também é dona de um humor irônico, ácido e até mesmo debochado. Apesar disso, não é chata e irritante, muito pelo contrário, Francesca é realmente um amor de pessoa. Alguns de seus comportamentos me lembram sua irmã Eloise, protagonista do livro anterior, mas de um jeito muito menos impulsivo.
Michael se esconde muito atrás de uma máscara social que ele mesmo criou para si. Apesar de não gostar muito de ser conhecido como o Devasso Alegre, sua fama, de certa forma, o protege dos olhares mais atentos da sociedade que poderiam desconfiar de seus sentimentos por Francesca.
Ninguém sabe, mas Michael é um homem apaixonado, amoroso e até sensível. Ele também tem um extinto protetor e quase animalesco com tudo o que envolve a segurança e o bem estar de sua amada. Também acho bonito como ele sempre se manteve respeitoso e ciente de seus limites. E por mais incrível que pareça, ele fica ainda mais cuidadoso depois da morte de John.
Outro aspecto da história que gosto muito é de como a relação do casal é construída. Ainda que se conhecessem antes, seu relacionamento precisa passar por muitas transformações para que eles possam se permitir a felicidade plena. É como se eles precisassem se conhecer de novo e começar do zero. O medo, a insegurança e acima de tudo a culpa os “atrasam” em desfrutar de uma vida plenamente feliz um com o outro.
Toda a narrativa é construída através desses sentimentos e sua eventual quebra é feita de maneira gradual, mas não exatamente sutil. Isso poderia até ser um problema, mas como o casal não vive uma história 100% tradicional, isso até que faz bastante sentido.
Geralmente não falo tanto sobre o final das histórias, mas desse livro preciso abrir uma exceção. Mas calma, não vou dar nenhum spoiler. Tudo o que preciso dizer é que não consigo achar outra palavra para descrever o último capítulo a não ser perfeição.
A maneira como as coisas se desenrolam, desde os diálogos até o desfecho em si, parece que tudo o que os personagens passaram foi para chegar exatamente àquele momento. Dá pra ver todo o carinho que foi posto em cada palavra para que o final fosse encaixado perfeitamente.
No final das contas, O Conde Enfeitiçado é um livro divertido, intenso e apaixonante. A delicadeza dos detalhes e a forma como toda a trama é contada nos mostra como é possível ter um final feliz, mesmo que não seja exatamente da forma como havíamos imaginado.
Leia também: Crítica | Bridgerton (3ª temporada – parte 2)
Os Bridgertons – O Conde Enfeitiçado
Autora: Julia Quinn
Ano de publicação: 2004
Páginas: 304
Gênero: romance
Nota:⭐⭐⭐⭐ (4/5)
Classificação indicativa: 16 anos
Sobre o Autor
- Baiana, 22 anos, estudante de Cinema e Audiovisual. Apaixonada por animações e videogame. Amo falar e escrever sobre meus filmes, séries e livros favoritos.
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