M3GAN (2022) – Crítica

M3GAN (2022) – Crítica

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Como fazer uma mescla de terror com crítica social? Existem diversas formas de utilizar a realidade e a ficção para tocar em assuntos sérios e até mesmo polêmicos. Corrente do Mal (It Follows, 2014) é um exemplo claro disso. Trata-se de um filme de terror que usa o gênero para falar sobre o perigo das doenças sexualmente transmissíveis.

Seja de maneira mais clara ou nas entrelinhas, é sim possível fazer um filme de gênero, inclusive terror, com conteúdo que vá além dos sustos ou cenas gráficas. Isso não quer dizer, obviamente, que seja algo obrigatório ou necessário. As vezes é legal apenas se divertir, como muitas produções mais simples acabam por fazer.

A grande questão é quando um filme não decide se quer entreter, ser relevante ou simplesmente seguir um tom. E, ao assistir M3GAN, senti essa falta de consistência. O longa é dirigido por Gerard Johnstone, um cineasta de pouca experiência, mas tem por trás o auxílio da Blumhouse e da Atomic Monster, do excelente James Wan.

A trama, em seu lado mais raso, trata sobre a criação de uma boneca realista que usa inteligência artificial para ser o brinquedo perfeito. Além de divertir a criança, ela também servirá como uma espécie de babá.

Gemma, interpretada por Allison Willams, é uma desenvolvedora de brinquedos que trabalha em uma empresa que quer satirizar grandes corporações que existem no “mundo real”. Após uma tragédia familiar, ela fica responsável por cuidar de Cady (Violet McGraw). Por não ter qualquer noção de como lidar com uma criança, Gemma usa suas habilidades para construir M3GAN, a tal boneca realista citada anteriormente.

M3GAN é programada para cuidar da criança a todo custo, até mesmo sendo sincronizada para obedecer os comandos da “amiga”. A ideia, no papel, é promissora e une dois elementos que filmes de terror adoram: crianças e tecnologia.

A receita estava pronta para um grande sucesso comercial, e foi exatamente isso que aconteceu. O filme agradou ao público em geral, fez uma ótima bilheteria e já garantiu sequência. Mas, indo na contramão da grande maioria dos críticos e da própria opinião popular, esse filme não me agradou.

Primeiramente pela inconsistência de tom. M3GAN tenta ser terror, comédia, ficção científica e crítica social ao mesmo tempo, mas acaba não tendo qualquer profundidade nesses aspectos. A classificação indicativa mais reduzida para atrair o público jovem também não colaborou. Faltou ao filme estabelecer prioridades dentro da trama, o que acaba por esvaziar os argumentos que utiliza para justificar a história. O roteiro é repleto de furos.

Além disso, mais parece querer ser uma coletânea de momentos produzidos para viralizar nas redes sociais, principalmente o TikTok. E, olha só, se não foi exatamente isso que aconteceu. Seja na utilização de uma música popular na internet em um momento de ‘graça’ ou com as famosas dancinhas.

Quem chegou até aqui, pode pensar que odiei o filme. Mas não é bem assim. Gosto da atuação da protagonista (Gemma), ainda que acredite que ela poderia ter ainda mais destaque. O trabalho corporal e de voz da robô, que foi feito por Amie Donald e Jenna Davis, também é de se elogiar.

Por fim, M3GAN deixa a sensação de que o futuro pode ser mais promissor que a ideia original. Espero que os produtores não se percam na tentativa de reproduzir o sucesso nas redes sociais e, a partir daqui, estabeleçam novos filmes com um tom mais bem definido. Querendo ou não, M3GAN chegou para ficar e já pode sim ser considerada um ícone. Resta saber se será marcante pelos motivos certos ou se vai se tornar apenas mais uma figura na galhofada que as sequências dos filmes de terror costumam produzir.

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 28 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.

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