Jogo Justo – Crítica
Quando surgiram as primeiras reações de Jogo Justo, ainda em festivais mundo a fora, criou-se a expectativa de um suspenso erótico que desenvolveria uma trama envolvendo o mundo corporativo e as pressões sociais. E, bom, com essa premissa audaciosa, a produção, agora original Netflix (não como produtora e sim distribuidora) entrega um enredo envolvente, que mantém o espectador focado o tempo todo, ansioso pelas próximas ações dos conturbados protagonistas.
Seria simples definir Jogo Justo como um filme sobre um relacionamento disfuncional e tóxico. Mas ele está longe de ser apenas isso. O arco central do longa realmente aborda um casal que vê seu relacionamento se deteriorando a cada sequência, mas consegue aprofundar essa relação e mostrar que, ainda que Luke (Aiden Ehrenheich) seja mais problemático, a dupla está longe de ter alguém perfeito.
A reviravolta ocorre quando Emily (Phoebe Dynevor) é promovida a um cargo relevante em uma empresa de fundo de investimentos, do qual Luke acreditava ser escolhido. A partir disso, inicia uma trama de descredito e questionamentos por parte de Luke, que afunda a relação do casal. São momentos de brilho para Phoebe Dynevor, reconhecida por Bridgerton mostra toda a sua evolução trabalhando o drama, a pressão psicológica e, principalmente, as dúvidas sobre o próprio potencial – que acarretará em uma cena final impactante.
Jogo Justo trata sobre a psicopatia e competitividade humana, além das dificuldades para escapar de um relacionamento tóxico. Ninguém é santo e ninguém é totalmente vilão, todos estão influenciados por um universo que desperta o pior em cada um. O filme é um thriller de suspense que vai escalonando os eventos, potencializado por ótimas atuações, personagens problemáticos, um debate afiado sobre masculinidade e dinâmica de poder. Está longe da perfeição, mas desperta a atenção do espectador durante toda a sua duração, do primeiro ao último minuto, com um ritmo frenético.
Vale destacar também a abordagem sobre a problemática do ‘homem de negócios’ e toda a fragilidade emocional desse arquétipo, como Luke demonstra em diversas cenas, desde a submissão a personagens até a tentativa de abraçar teóricos com palestras e livros. É uma espécie de O Lobo de Wall Street com Instinto Selvagem mais psicótico.
Sobre o Autor
- Jornalista, 26. Repórter no Folha do Mate, podcaster no Na Tabela e HTE Sports. Pitacos sobre cinema e cultura pop no Entre Sinopses.
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