Gran Turismo: De Jogador a Corredor – Crítica

Gran Turismo: De Jogador a Corredor – Crítica

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Gran Turismo tinha uma missão complicada e até mesmo por isso optou por tomar um rumo diferente. Filmes que adaptam jogos de videogame não costumam ter muito sucesso e exemplos não faltam. A principal razão disso é que é praticamente impossível replicar na tela do cinema a imersão de um jogador, afinal de contas não estamos no controle das ações dos personagem do longa como é quando controlamos o nosso ‘boneco’ no game.

Então, apoiado em uma história real, o longa produzido pela Sony tomou um rumo diferente. Não se propôs a adaptar a história do jogo, que por sinal nem seria uma possibilidade real diga-se de passagem, mas trouxe o jogo como elemento na história de um filme. Acompanhamos Jann Mardenborough (Archie Madekwe), um jovem que cresceu e é viciado em jogar Gran Turismo.

O jogo da vida real é também um jogo na história do filme e isso torna a tarefa de adaptação um pouco mais simples. Quando o diretor de marketing (Orlando Bloom) da montadora japonesa tem a ideia de fazer uma competição dos melhores jogadores do game Gran Turismo com o objetivo de torná-los pilotos de corrida de verdade, Jann recebe a oportunidade que tanto desejou.

Para realizar essa missão, vista com maus olhos por muita gente, o ex-piloto Jack Salter (David Harbour) é escolhido como engenheiro chefe e a partir daí vemos Jann e outros jovens em seus treinamentos na GT Academy em busca do sonho de se tornarem pilotos profissionais.

Gran Turismo não tem na história o seu ponto forte. Ainda que seja baseada em fatos, com a cronologia de acontecimentos trocada para efeitos de drama e emoção na história, alguns elementos dramáticos que seriam essenciais acabam sendo enfraquecidos pela montagem. A sequência de treinamento e seleção do piloto é fraca, não só por sabermos quem será o escolhido, mas por fazer parecer tudo muito simples.

O filme começa de verdade na metade do segundo ato, quando vamos às pistas de verdade. E aqui está um acerto gigantesco do longa. O uso de circuitos reais como o Red Bull Ring (Áustria), Nurburging (Alemanha) e Le Mans (França) são aquela referência que os fãs do game e de corridas vão adorar ver. A realização das cenas de corrida também são excelentes, tanto nos efeitos, quando na emoção retratada.

Nesse ponto, Gran Turismo é mais um filme sobre esporte do que um filme sobre videogame. E está tudo bem com isso. De toda forma, para um filme desse tipo dar certo é preciso se envolver com os personagens e torcer por eles. E Gran Turismo acerta mais uma vez. Os momentos em que Jann precisa fazer uma ultrapassagem arriscada ou em que depende de um resultado para o projeto continuar vivo são quase como ver a um jogo decisivo do seu time do coração.

Mas o grande problema de Gran Turismo está quando o filme sai das pistas. O drama familiar seria necessário para um envolvimento além do esporte, e aqui ele é deixado de lado em mais da metade da história. Além disso, a forçada entrada de um interesse amoroso em nada agrega.

A transição de Jann de um simples gamer para um piloto e sua relação com Jack Salter, que enxerga no menino a chance de realizar o que nunca conseguiu nas pistas, sem dúvidas carrega o filme e faz ele ser extremamente divertido. Se pelos trailers ou pela ideia do filme passava-se a impressão de algo genérico ou sem graça, na prática Gran Turismo superou as expectativas.

Está longe de ser um filme perfeito e nem de perto concorrerá a prêmios em categorias de atuação ou técnicas, mas é bem realizado, divertido e envolvente. Na briga por chegar à frente na linha de chegada, a diversão e o clichê ficaram próximos, mas o primeiro conseguiu cruzar em primeiro lugar.


Melhor cena: o final da corrida na pista de Le Mans;
Curiosidade: o piloto e gamer que deu origem à história do filme atuou como dublê nas cenas de corrida no filme.

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 28 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.

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