Crítica | Todos Menos Você

Em meio a tantas comédias românticas sem personalidade – a maioria lançada diretamente na Netflix, o que garante, infelizmente, sucesso – surge nos cinemas uma produção que, a princípio, não nos promete muito e, mesmo assim, entrega a diversão que nos acostumamos no gênero entre os anos 90 e 2000. Falo de Todos Menos Você, protagonizado por Glenn Powell (Top Gun: Maverick) e Sydney Sweeney (Euphoria), um clichê que não tem vergonha de ser clichê e cativa pelo carisma e química dos protagonistas.

O enredo é bem simples, duas pessoas que se odeiam, pois tiveram um caso de uma noite mal resolvido, acabam por fingir estarem juntas para não estragarem o casamento de amigos e parentes e, a partir disso, percebem que são perfeitos um para o outro. É tão simples e segue uma lógica tão óbvia que é possível antecipar todas as ações seguintes, no entanto, não é isso que diferencia esta de outras produção. O que o faz é a honestidade. Que começa pela dupla de protagonistas.

Powell e Sydney são considerados, atualmente, dois dos principais ‘sex symbols’ do cinema e, obviamente, fica clara a motivação para serem os escolhidos para essa trama mais ‘soltinha’. Sabendo disso, a direção de Will Gluck (Amizade Colorida) aproveita ao máximo o potencial dos dois em tela, mas cabe enfatizar que eles não são apenas rostinhos bonitos. Pelo contrário, o tom cômico da dupla e a interação entre os dois é apaixonante, é muito fácil comprar a relação deles e ficar feliz e empolgado com o encerramento do previsível enredo.

Ainda que seja baseado na comédia de William Shakespeare, Much Ado About Nothing, Todos Menos Você aproveita – e muito – da era digital e das redes sociais. Além do poder midiático dos protagonistas, o filme é um dos primeiros romances a se utilizar de viriais no Tik Tok para elevar sua audiência – e bilheteria. Com a canção Unwritten, lançada por Natasha Bedingfield em 2004, o longa se tornou um dos assuntos mais comentados da rede social de vídeos curtos e colocou a música de volta às paradas no cenário global. As cenas com Unwritten ao fundo e, somado ao talento de Powell e Sydney, formam uma combinação viciante.

Assim como Que Horas eu Te Pego?, de 2023, protagonizado por Jennifer Lawrence, deu sobrevida ao gênero besteirol, com uma nova roupagem e apostas ainda mais escrachadas. Todos Menos Você o faz para a comédia romântica, apostando agora na fórmula de sucesso, sem vergonha de ser simples e previsível. Afinal, o problema não é quantidade de filmes ou a repetição do formato e, sim, a falta de personalidade. Mesmo sendo um copia e cola, Todos Menos Você tem carisma e personalidade suficientes para realmente se destacar em meio a um gênero tão repetido atualmente.

É o famoso ‘não julgue o livro pela capa’, pois aqui é resultado é bastante surpreendente.