Crítica | Thunderbolts*

Crítica | Thunderbolts*

Compartilhe nas redes!

Se tem algo que é reclamação generalizada a respeito dos filmes da Marvel pós-Vingadores: Ultimato é a FALTA DE PROPÓSITO. Foram lançados diversos longa-metragens nas fases 4, 5 e agora 6 do Universo Cinematográfico Marvel e muitos deles serviram para apresentar novos conceitos, com o porém de que essas novidades ou nunca mais retornaram ou demoraram muito tempo para ter mais desenvolvimento.

Em determinado momento de Thunderbolts*, uma das personagens do filme reclama justamente do vazio que sente em sua vida e relata sua rotina como “Atendo o celular, faço o trabalho, volto para casa para beber e lamentar meus problemas e repito o ciclo”. E eu diria que justamente reconhecer as falhas e fazer disso uma metalinguagem é um dos principais méritos desta nova empreitada do UCM.

Mas vale a pena assistir Thunderbolts*? A junção de um grupo de personagens que ninguém se importa era a melhor escolha ainda mais sabendo que resta somente um ano para um filme de Vingadores onde sequer o grupo existe na linha do tempo atual dos filmes? Vamos falar a respeito.

Qual é a história do filme?

No filme, acompanhamos Yelena Belova (Florence Pugh) trabalhando em missões secretas para Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus). Sem se sentir realizada com o que faz e após uma conversa com Alexei/Guardião Vermelho (David Harbour), Yelena aceita uma última missão secreta antes de solicitar trabalhos que a aproximem mais do público, ou seja, agir praticamente como uma heroína contratada pelo governo.

O problema é que essa última missão secreta a coloca frente a frente com John Walker/Agente Americano (Wyatt Russell), Fantasma (Hannah John-Kamen), Treinadora (Olga Kurylenko) e Bob (Lewis Pullman). E quando as coisas não ocorrem como planejado, esse agrupamento improvável de pessoas ainda se juntará com Bucky Barnes (Sebastian Stan) e Guardião Vermelho para lidar com uma situação em comum a todos eles.

Quem são os Thunderbolts*? Confira aqui!

Thunderbolts* é surpreendentemente profundo em alguns temas

Além de trazer de volta uma maior conexão e sensação de continuidade com os filmes e séries do universo Marvel, algo que fez bastante falta nas produções das últimas fases, Thunderbolts* consegue, ao meu ver, três méritos (que deveriam ser obrigações sempre, mas ultimamente tem sido necessário comemorar).

  1. Bom desenvolvimento de personagens: exceto Bob, todos os outros personagens do filme já foram anteriormente apresentados. Com isso, fica mais fácil para desenvolvê-los em tela e isso ajuda demais na identificação do público com eles.
  2. Não pensa só no futuro: sim, as referências e pitadas do que está por vir estão no filme, e são importantes, mas ele consegue funcionar dentro de sua própria história.
  3. Tem algo a dizer: não se trata de mais um filme genérico da Marvel. A fórmula está lá e o humor característico também, mas Thunderbolts* explora temas como depressão, solidão e problemas de saúde mental de um jeito interessante.

Outro quesito importante, como já falei acima, é que o filme entende suas limitações e o quão fracassados e desinteressante são seus personagens e inverte a situação para usar isso no roteiro e incluir essa temática na história. Então, não é incomum ouvirmos personagens discutindo sobre como formam um grupo ridículo ou o quanto são significam nada para aquele universo, mas ao mesmo tempo estabelecem isso como uma forma de conexão da história e engrandecem a narrativa. Acerto total aqui!

Mas velhos vícios ainda seguem lá

Não dá para dizer que Thunderbolts* é perfeito porque sim, os defeitos ainda estão lá. Muitas conveniências, situações que não ficam bem explicadas ou que se você parar para pensar em como determinadas coisas aconteceram fica fácil encontrar furos na história. E por isso a nota não é máxima.

Mas o filme também consegue trazer um desfecho um pouco diferente do esperado e equilibra bem a presença em tela da maioria dos personagens, mesmo que seja evidente o protagonismo de Yelena e como ela move a história para frente. Gostaria de ter visto mais de um elemento específico que acontece com Yelena, John Walker e Valentina nos outros personagens.

Vale a pena assistir Thunderbolts*?

Sim, eu sei que muita gente fala em cansaço dos filmes de super-heróis e principalmente da Marvel. Não dá para julgar quem sente isso. Porém vejo em Thunderbolts* muitas qualidades e elementos diferenciados para sair desse lugar comum. É um frescor revigorante e que, pensando somente na experiência individual e não no todo do Universo Cinematográfico, faz muito bem. E ainda levando a totalidade da franquia em consideração, também cumpre a sua missão.

Thunderbolts* tinha tudo para ser um filler genérico, mas te garanto que não é. Trata-se de uma boa e gostosa surpresa da Marvel, que não somente diverte, como tem algo a dizer além de ser a introdução de um novo super-grupo ao universo. Vale a pena conferir o filme SIM!

Aviso: há duas cenas pós-créditos. A primeira não é nada demais, mas a segunda… essa sim é relevante. Porém, ainda acho o filme em si mais legal do que somente as promessas para o futuro. E isso é ótimo!


Thunderbolts*

Direção: Jake Schreier
Ano: 2025
Elenco: Florente Pugh, Lewis Pullman, Sebastian Stan, David Harbour, Wyatt Russell, Hannah John-Kamen, Julia Louis-Dreyfus, Olga Kurylenko, Geraldine Viswanathan, Chris Bauer e Wendell Pierce.
Duração: 2h06min.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ (4/5)

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 29 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.