Crítica | Ruptura (1ª temporada)

Crítica | Ruptura (1ª temporada)

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Uma boa série de drama é aquela que consegue te envolver e contar uma história intrigante, ainda que em seu próprio ritmo. Ruptura (Severance) estreou em 2022 na Apple TV+ e conseguiu furar a bolha do streaming, que é pouco divulgado e tem baixa audiência geral.

Na trama acompanhamos Mark S (Adam Scott), um funcionário do setor de Refinamento de Macrodados da empresa Lumon. Descobrimos que, na verdade, ele é um homem que após a perda da esposa decidiu aceitar esse emprego e passar por um procedimento chamado ruptura, que é a implementação de um chip no cérebro para dividir a sua vida em duas — no trabalho ele não tem as memórias do mundo externo e fora do trabalho ele não lembra e sabe o que fez no período em que esteve no andar de ruptura da Lumon.

Ou seja, uma pessoa passa a viver duas vidas, sem que uma interfira diretamente na outra. Pode parecer um sonho para muita gente, mas quais serão os pormenores dessa situação? É justamente isso que investigamos na série.

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Uma crítica ao sistema de trabalho

Ruptura é, dentre muitas coisas, uma crítica ao sistema, principalmente às grandes empresas que fazem de tudo, inclusive no caso da série separar a vida dos seus funcionários em duas, para poder tirar melhor proveito da força de trabalho e se desligar completamente do lado humano, das vidas externas das pessoas.

Também encaro como uma crítica a quem usa o trabalho como uma forma de viver uma outra vida, tendo comportamento e atitudes que não teria em seu dia-a-dia. Além de também usar o trabalho como fuga para os problemas externos, como o que o nosso protagonista faz.

Mistérios e mais mistérios

Ruptura tem recebido muitas comparações com Lost, não pela trama que em pouco há similaridades, mas na forma como a narrativa é trabalhada e por cada vez mais dar novos mistérios em vez de responder questões anteriores.

Isso pode ser uma preocupação para quem teve o histórico de acompanhar Lost e se decepcionar com o final, mas ou para quem gostou do que rolou em Lost ou nunca a assistiu, é muito fácil se envolver nos mistérios de Ruptura.

O que faz a Lumon de verdade? O que significa esse refinamento de macrodados? O que os funcionários fazem em suas vidas externas? Por que a essa aura de quase cultuar Kier e a família Eagan?

Roteiro afiado e personagens incríveis

Talvez o ponto mais alto de Ruptura em sua primeira temporada seja o roteiro afiadíssimo. Nada é por acaso, cada elemento apresentado tem algum tipo de significado. Seja um livro que em primeiro momento parece reunir frases sem sentido, mas que justamente ajuda personagens a encontrarem sentido em sua existência.

É justamente o roteiro que nos faz ficar tão vidrados na história e querendo saber mais para encontrar, junto com os personagens, as respostas para os mistérios que são apresentados.

E nisso também entra um excelente trabalho de direção e atuação, com o quarteto protagonista formado por Adam Scott (Mark), Britt Lower (Helly R.), John Turturro (Irving) e Zach Cherry (Dylan), facilmente caindo nas graças do público. Os enigmáticos antagonistas vividos por Patricia Arquette (Srª Cobel) e Tramell Tillman (Sr Milchick) também são muito interessantes.

Vale a pena assistir Ruptura?

Se você procura uma série que vai te envolver do início ao fim, com certeza vale a pena assistir ao primeiro ano de Ruptura. A série é excelente. Mas fica um aviso: o ritmo é lento e as coisas demoram a acontecer de verdade. Há muito estudo de personagens, apresentação de situações e a trama só acelera mesmo a partir do episódio 6.

Tendo isso em mente, embarcar nessa jornada tem sido uma experiência maravilhosa, e eu tenho certeza que quanto mais você pensar a respeito dos mistérios da série, mais teorias você conseguirá criar e por consequência mais vai querer encontrar as respostas.


Ruptura (1ª temporada)

Criação: Dan Erickson
Direção: Aoife McArdle, Ben Stiller
Elenco: Adam Scott, Britt Lower, John Turturro, Zach Cherry, Patricia Arquette, Tramell Tillman e mais.
Episódios: 9
Disponível em: Apple TV+
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐ (5/5)

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 29 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.

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