Crítica | Round 6 (1ª temporada)
Com um certo atraso, terminei nesse fim de semana o novo sucesso mundial da Netflix, Round 6 – ou ‘Squid Game” no resto do mundo. A produção de origem coreana bebe do conceito de Battle Royale, dando uma roupagem mais colorida e infantil, mas com muita violência e doses de críticas ao capitalista. No entanto, a pergunta que fica é: merece toda a repercussão dos últimos dias?
Gi-Hun (Lee Jung-Jae) sofre com problemas financeiros e com inúmeras dividas após apostas malsucedidas, e recebe um cartão para um jogo que poderia acabar com seus problemas. Porém, o tal jogo é coberto de surpresas e incógnitas que vão se apresentando no desenrolar da trama. O primeiro grande acerto de Round 6 são as provas temáticas de brincadeiras infantis, apesar de não reinventar a fórmula, a série consegue se destacar nesses momentos. O formato Battle Royale vem ganhado força nos últimos anos, principalmente no universo dos games – Free Fire, Fortnite e semelhantes -, e é usado de formas variadas aqui. As provas são inconstantes, algumas são geniais – como Batatinha Frita, 1, 2, 3 e as Bolinhas de Gude -, enquanto outras são bem fracas e não criam nenhuma tensão – o jogo da Colmeia, a passarela de vidros e o Jogo da Lula -, o que deixa os episódios com altos e baixos.
O roteiro de Round 6 está longe de ser inovador e as suas reviravoltas são obvias. As duas principais reviravoltas – envolvendo o irmão de um dos protagonistas e a do ‘Senhor 001’ – são falhas ao olhar a série de forma geral, tendo diversas fragilidades em seu desenvolvimento. Por outro lado, os personagens principais são bem aprofundados e você realmente consegue se apaixonar pelos mesmos, em destaque no tocante episódio seis com o desafio das bolas de gude, onde temos os melhores embates morais da série.
Para quem está acostumado apenas com produções Hollywoodianas, as atuações podem estranhar. Contudo, assim como diversas partes da trama, são apenas reflexos da cultura coreana – o que dá um caráter de novidade. A estética colorida tem como objetivo alcançar o público infanto-juvenil, que está acostumado com semelhantes no dia-a-dia com os games. Apesar dessa estética “leve”, a produção é violenta e utiliza do sangue para chocar – as vezes, de forma desnecessária -, o que pode ser problemático para o público obtido.
Ainda que sofra com problemas – Alô, Vips! -, a série tem ótimo ritmo e realmente cumpre seus objetivos. A maior falha fica por conta da banalização das mortes, com exceção dos protagonistas, as demais são levadas como caricaturas, inclusive com trilhas animadas ao fundo. As críticas sociais se fazem relevantes, porém não tem o destaque prometido nos dois primeiros episódios. Round 6, assim como sua companheira de máscaras e macacões La Casa de Papel, é um produto do algoritmo potente da Netflix e conquista por osmose, onde todos se sentem na obrigação de assistir.
Round 6 é uma produção de ótima qualidade, mas não é genial como alguns comentam e, tem sim, problemas que merecem ser comentados. Infelizmente, o final deixa gancho para nova temporada e o sucesso vai garantir mais anos, o que pode levar a um desgaste rápido de uma fórmula que já nasceu datada.
Sobre o Autor
- Jornalista, 26. Repórter no Folha do Mate, podcaster no Na Tabela e HTE Sports. Pitacos sobre cinema e cultura pop no Entre Sinopses.
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