Crítica | O Auto da Compadecida 2

Crítica | O Auto da Compadecida 2

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Como foi que tiveram a ideia de fazer uma sequência para um dos filmes brasileiros mais emblemáticos? Eu não sei, só sei que foi assim! 24 anos após o original, O Auto da Compadecida 2 estreou nos cinemas de todo o Brasil, trazendo de volta às telonas as divertidas aventuras de Chicó e João Grilo. Mas será que foi uma continuação boa?

Após passar anos desaparecido da cidade de Taperoá, João Grilo retorna e se reencontra com seu grande amigo Chicó. Juntos, eles revivem grandes aventuras e tentam faturar uma graninha com a incrível história da morte e ressureição de João Grilo.

Copia, mas não faz igual

Um fato que ninguém pode contestar é que esta foi uma sequência totalmente desnecessária. Desde seu primeiro anúncio, meu pensamento e o de diversas outras pessoas foi: pra quê? que história tem mais para contar? E assistindo ao filme esse pensamento só se concretizou. O longa não acrescenta praticamente nada de novo a vida dos personagens e a história é um copia e cola da trama original em seu formato. Introdução, desenvolvimento e conclusão acontecem da mesma forma que já vimos no filme de 2000. Com isso, já dá pra constatar que o filme não é ruim, mas também acaba não sendo um dos melhores, já que o que ele faz é emular o que deu certo no original.

Mas algo que achei interessante é que o filme sabe que não é original e não tem medo de ser assim. Em determinado momento fazem piadas com esse fato e isso até me surpreendeu. A sensação é de que O Auto da Compadecida 2 é uma homenagem a seu antecessor em todo o tempo. Seja nas piadas iguais ou extremamente parecidas, o andamento da história ou o comportamento dos protagonistas, dá pra ver que nada mudou. É como se estivessem tentando nos dizer “ei, você percebeu como isso aqui é parecido com o filme original?” ao longo de toda a trama.

Matheus Nachtergaele e Selton Mello continuam maravilhosos em seus papéis. A química entre os dois atores é maravilhosa e é sempre um prazer vê-los em tela. Também é praticamente impossível não rir quando Eduardo Sterblitch e Luís Miranda estão em cena, seus personagens são mesmo muito divertidos.

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Aspectos técnicos que te tiram da imersão

Se no primeiro filme a locação da árida cidade de Cabaceiras dava um charme especial para a obra, nessa continuação isso se perde, e se perde muito. A cidade verdadeira foi substituída por cenários de estúdio e muito chroma key (a famosa tela verde). Enquanto assistia eu me perguntava o que ali parecia tão esquisito e depois que parei para pensar um pouco, foi justamente isso. Os efeitos estão bem mais ou menos e isso me desconcentrou um pouco da narrativa. Acredito que essa tenha sido uma escolha orçamentária, mas que acabou prejudicando o filme como um todo.

Além disso, a sincronização de áudio está esquisitíssima. Não sei ao certo se isso é verdade, mas me parece que regravaram as vozes dos atores e colocaram por cima das imagens na pós produção. Sei que isso não é algo tão incomum no cinema, mas é que aqui parece que não conseguiram encaixar direito as duas coisas. Ora parece que eles falam mais alto do que deveriam, ora antes ou depois do momento certo e assim vai.

Mensagens políticas e críticas sociais

Uma cidade dividida, cada metade a favor de um dos candidatos à prefeitura. Onde será que já vimos isso? Assim como no filme original, este também tem sua boa dose de críticas, sempre mescladas a piadas e um clima leve. Não, esse não é um “filme propaganda” para nenhum lado político, mas usa de suas sutilezas para alfinetar política, religião, moralidade e outras coisas. Eis a prova de que a arte é um meio potente de crítica!

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Vale a pena assistir O Auto da Compadecida 2?

Fico meio triste de não recomendar um filme brasileiro, afinal de contas, nosso cinema já não é um dos mais valorizados por nosso próprio povo. Mas preciso ser honesta, então te digo: assista o primeiro. Se ainda assim você tiver curiosidade de conferir essa continuação, dá pra esperar ela estar disponível em algum serviço de streaming.


O Auto da Compadecida 2

Direção: Guel Arraes e Flávia Lacerda
Ano: 2024
Elenco: Matheus Nachtergaele, Selton Mello, Eduardo Sterblitch, Luís Miranda, Fabíula Nascimento, Taís Araújo, Humberto Martins e mais.
Duração: 1h44min
Nota: ⭐⭐ (2/5)

Sobre o Autor

Luane Mota
Luane Mota
Baiana, 22 anos, estudante de Cinema e Audiovisual. Apaixonada por animações e videogame. Amo falar e escrever sobre meus filmes, séries e livros favoritos.

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