Crítica | O Assassino

Crítica | O Assassino

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Talvez o meu maior erro com O Assassino (The Killer, 2023) foi dar o play no filme recheado de expectativas. Procurei não assistir aos trailers e tudo que tinha em mente é que esse era mais um filme do diretor de Clube da Luta, Zodíaco e Garota Exemplar, estrelado por um dos maiores astros de Hollywood da atualidade.

Imaginei uma trama misteriosa, mas encontrei um protagonista misterioso. Imaginei reviravoltas, mas encontrei uma previsibilidade monotónica. Imaginei controvérsia, encontrei estudo de caráter. Isso é uma coisa ruim? Jamais. Muitas vezes ter as expectativas contrariadas é algo bom, mas especialmente aqui acredito que o erro foi meu.

Em O Assassino, Fassbender interpreta um mercenário que é conhecido por nunca errar. Em todos os seus trabalhos, o êxito vem da perfeição técnica que vai desde a sua preparação, seus hábitos pré e pós ‘trabalho e a realização em si do feito. No entanto, quando ele comete um deslize nesse preparo, um erro é cometido e a vida do personagem vira de cabeça para baixo.

Se você estiver, assim como eu esperando, que esse será um filme repleto de cenas de ação e reviravoltas, é bom calibrar as expectativas. Como disse, aqui é um filme sobre estudo de personagem e controvérsias. O protagonista constantemente afirma que não age por motivos pessoas, mas todas as suas ações após o erro cometido são estritamente pessoais.

Fincher aqui sai um pouco do seu estilo para abordar um personagem repleto de camadas que não precisa ser um clássico protagonista de filmes de ação. A figura do ‘lobo solitário’ aqui é explorada com todos os clichês possíveis — múltiplos disfarces, equipamentos à disposição, um estoque quase infinito de munições — mas tudo isso é explicado de uma forma ou outra.

Dividida em capítulos, a trama não é tediosa, mesmo com seu ritmo mais lento. Cada etapa é como se fosse um nível de videogame, mas muito mais um game de puzzle do que um jogo de ação. Destaque para a cinematografia, infelizmente não reconhecida na temporada de premiações.

O Assassino é um filme simplesmente complexo ou complexamente simples. Não tem grandes pretensões, mas consegue ser profundo. E consegue ser profundo sem precisar ser ‘diferentão’.


O Assassino (The Killer)

Direção: David Fincher
Ano: 2023
Gêneros: Thriller de ação psicológico
Elenco: Michael Fassbender, Charles Parnell, Sophie Charlotte, Tilda Swinton e mais.
Nota: ⭐⭐⭐ (3/5)

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 28 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.

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