Crítica | Nosferatu

Crítica | Nosferatu

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É possível ter personalidade ao contar uma história com mais de um século? Nosferatu, do diretor Robert Eggers, comprova que sim. Já vimos diversas vezes o conto do Drácula, de todos os gêneros possíveis, do terror ao drama, passando pelo humor e pela animação – como é o caso de Hotel Transilvânia. Agora, ainda que Nosferatu tenha o Conde Orlok como protagonista, a base dessa “cópia” segue sendo o texto de Bram Stoker. No entanto, também fica nítido que estamos diante de uma produção com assinatura, mesmo que o enredo seja, no mínimo, conhecido.

A história novamente remonta para os anos 1800 e para a obsessão de um vampiro por uma mulher amaldiçoada e assombrada pelo mesmo, Ellen (Lily-Rose Depp). Desta vez, acompanhamos o vendedor de imóveis Thomas Hutter (Nicholas Hoult) que viaja para a Transilvânia para oferecer uma propriedade para o misterioso Conde Orlok (Bill Skarsgård). Quando chega ao castelo deste ser, Thomas se depara com uma maldição e encara situações assustadoras. Sim, você já viu isso antes.

E não tem problema. Ainda que, para quem já leu ou assistiu algo sobre o Drácula, com 15 minutos de filme já é possível contar as próximas duas horas. O fator surpresa ou originalidade não é o grande mérito da nova adaptação de Nosferatu. A estética e o clima gótico são.

O medo da sombra

Diferente de praticamente todas as outras versões (exceto Drácula, do Coppola), esta versão tem a assinatura nítida de Eggers, o que provoca uma direção de arte de alto nível, trabalhando a sombra para criar o medo e, também, elevar a imagem de Orlok. Por diversos momentos, o filme nos provoca a imaginar a besta, sem mostrar claramente com o que estamos enfrentando.

Além disso, como é comum na carreira do diretor, as atuações e o exagero nas cenas violentas – em especial com o sangue. Skarsgård, novamente sob forte maquiagem, brilha na linguagem corporal e no forte sotaque que imprime. Sendo que é marcante todas as vezes em que aparece em cena, seja em sua forma natural ou mais animalesca. Por outro lado, Holt e Lily são a forma mais pura do medo, em seus extremos.

Holt é o desespero, a sensação de impotência ao enfrentar uma fera. Enquanto que Lily é a pureza e o pecado no mesmo corpo, por vezes se entregando ao desejo do vampiro e flertando com as forças malignas, em outras sendo a única forma de controlar o Nosferatu. Em meio a isso, os demais personagens, em especial o doutor Von Franz (Willem Dafoe), imprimem o desespero e a busca por soluções de algo insolucionável.

Mais um Nosferatu

Não concordo com quem coloca este como apenas um filme do Nosferatu ou do Drácula. Ele é, sim, uma história batida, mas a forma como é contada e a experiência apresenta, ainda o faz valer a pena como algo único. Novamente, Eggers mostra todo o seu potencial e nos cria a expectativa para os próximos projetos de um dos grandes nomes do terror desta geração.


Nosferatu

Direção: Robert Eggers
Roteiro: Robert Eggers
Ano: 2024
Elenco: Lily-Rose Depp, Nicholas Hoult, Bill Skarsgard, Aaron Taylor-Johnson, Willem Dafoe, Emma Corrin e mais.
Duração: 2h13min

Sobre o Autor

Leonardo Pereira
Leonardo Pereira
Jornalista, 26. Repórter no Folha do Mate, podcaster no Na Tabela e HTE Sports. Pitacos sobre cinema e cultura pop no Entre Sinopses.
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