Crítica | Miller’s Girl
Chegou nas últimas semanas ao Amazon Prime Video, um dos filmes mais polêmicos e comentados do ano. Estrelado por Jenna Ortega e Martin Freeman, Miller’s Girl – A Favorita apresenta a trama erótica entre uma estudante e seu professor, flertando com tabus sociais, dramas e suspense. Em uma fórmula que pode chamar a atenção de muitos, o longa gerou comentários e críticas, principalmente, pela forma como são desenvolvidas as interações – de forma bem superficial e que se aproxima muito do fetiche de filmes adultos – e das cenas picantes. No entanto, Miller’s Girl não passa de uma produção que tenta ser genial, mas se torna extremamente genérica.
O que faz um filme ser polêmico? Sexo e tabus sociais são uma pitada de garantia. Envolver atores famosos também. Pois bem, a premissa de Miller’s Girl é exatamente essa. No enredo, uma jovem escritora talentosa (Jenna Ortega) embarca em uma odisseia criativa quando seu professor (Martin Freeman) atribui um projeto que envolve os dois em uma teia cada vez mais complexa. À medida que as linhas se confundem e suas vidas se entrelaçam, professor e protegido devem confrontar seus eus mais sombrios enquanto se esforçam para preservar seu senso individual de propósito e as coisas que mais prezam.
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Dirigido por Jade Bartlett, o longa tem um ar soberbo de se ‘achar’ transgressor, quebrador de paradigmas e inventor da roda. No entanto, a monotonia e obviedade com que a trama se desenrola chega a ser surpreendente pela forma como o filme se vende. A relação entre os protagonista é tão superficial e simplória – o fato de envolver um escritor frustrado e um aluna ‘fora do padrão’ deixa tudo ainda mais genérico -, em poucos diálogos uma intensa interação é desenvolvida e o espectador se pergunta: “Como um professor se deixou levar por algo que pode estragar a sua vida tão rapidamente?”.
Ao mesmo tempo, a mentalidade da personagem de Jenna Ortega, Cairo Sweet, flutua entre a inteligência extrema, quase uma genialidade, até a psicopatia após a metade do filme, ainda que seja uma adolescente, a variação de humor e da atitudes, uma hora agressiva e ousada, outra hora desajeitada e sem rumo, torna esta um furo de roteiro, que serve apenas para o desenrolar da trama. Vale o mesmo para Jon Miller, interpretado por Freeman, melhor desenvolvido em seu núcleo ‘derrotista’ e que sofre pela falta de coragem, ele também aceita muito rapidamente a trama complicada em que se envolveu.
Ao abordar um tema que, socialmente é considerado tabu, o relacionamento entre um professor e uma aluna, com uma diferença grande de idades, o longa poderia desenvolver muito bem essas dificuldades de aceitação e como o elo afeta na vida dos personagens. Mas prefere apenas ‘molhar os pés’ e apostar no fetiche, na insinuação sexual, do que realmente aprofundar o drama.
Por conta disso, Miller’s Girl – A Favorita é um filme feito para polemizar e gerar debates em redes sociais, dividindo o público, mas está longe da genialidade do quão seus produtores acreditaram ter realizado. Mais uma produção com atores famosos, cenas polêmicas e uma trama sem grande aprofundamento, vale a pena apenas para tirar qualquer dúvida sobre o teor do longa. Genérico, o famoso filme click bait.
Sobre o Autor
- Jornalista, 26. Repórter no Folha do Mate, podcaster no Na Tabela e HTE Sports. Pitacos sobre cinema e cultura pop no Entre Sinopses.
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