Crítica | Mickey 17

Crítica | Mickey 17

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Como é morrer? Esse é um dos principais questionamentos abordados na nova produção do diretor coreano e vencedor de Oscar, Bong Joon-Ho (Parasita), que tem Robert Pattinson (The Batman e Crepúsculo) como protagonista. A ficção científica futurista com ares de George Orwell e humor peculiar, nos apresenta o “dispensável” Mickey, interpretado por Pattinson, que adere a um programa onde é utilizado para testes e, posteriormente, regenerado em uma espécie de impressora 3D avançada. Em meio a tudo, a crítica ácida à ganância de bilionários, o futuro da humanidade e a influência do poder financeiro na política.

Bong Joon-Ho ficou popular por produções com críticas sociais apresentadas de formas não tão diretas. No entanto, em Mickey 17 o diretor abandona a sensibilidade e constrói de forma bem clara a narrativa que deseja. No entanto, a roupagem de uma ficção científica no espaço, com um protagonista com pitadas cômicas, traz algo único para o projeto. Não é como se nunca tivéssemos visto algo semelhante na história do cinema – até porque, usar o futuro para tratar de problemas atuais é recorrente na sétima arte -, mas o filme consegue, ainda que de forma escrachada e que apela até para personagens exagerados (de propósito) apresentar novidades.

É necessário enfatizar que Mickey 17 vai incomodar uma certa ala dos espectadores. O teor político e a crítica aos grandes bilionários do mundo fará muitos ignorarem completamente os fatores positivos do longa e focar no que, possivelmente, vão considerar como “filme político de uma Hollywood perdida”. E Joon-Ho sabe disso e deixa bem claro, quase como uma peça de teatro com atuações acima do tom.

Futuro nem tão distante

Ao mesmo tempo, a produção aborda assuntos que seguem como pauta e devem ser mais frequentes nos próximos anos. A clonagem de humanos, a reimpressão e, também, a teoria dos múltiplos (abordada de forma interessante no filme) e a exploração de outros planetas permeiam toda a narrativa do longa e, em diversos momentos, você se pega perguntando se tal ação realmente pode acontecer em um futuro nem tão distante assim.

Com um ritmo acelerado – em especial pelas mortes de Mickey -, a produção de mais de duas horas passa voando e somos emergidos na realidade daquela viagem colonizadora. Mas, em meio a tantos conceitos, é necessário destacar Robert Pattinson. Com várias vidas, Pattinson interpreta diversas versões do seu Mickey e consegue ser efetivo em mostrar as diferenças que cada morte ocasiona – e a manutenção do medo. O grande feito para mostrar essas variações está na voz, com o Mickey 17 (protagonista), tendo a voz mais fina e esganiçada, como traço essencial da personalidade, enquanto outros fogem desse tom e mostram maior imponência.

Mickey 17 vale a pena?

O elenco recheado de rostos famosos, como Mark Ruffalo, Steve Yeun e Toni Collette, também é responsável direto por tornar crível aquela realidade tão esquisita. Mickey 17 talvez não seja o que os fãs de Bong Joon-Ho esperavam, ainda assim, é mais um filme de qualidade do diretor – que retornou após seis anos, desde Parasita – e que, sem dúvidas, vale a pena dar uma oportunidade.

Mickey 17

Direção: Bong Joon-Ho
Ano: 2025
Elenco: Robert Pattinson, Mark Ruffalo, Steve Yeun, Toni Collette e mais.
Duração: 2h17min
Nota: 4/5

Sobre o Autor

Leonardo Pereira
Leonardo Pereira
Jornalista, 26. Repórter no Folha do Mate, podcaster no Na Tabela e HTE Sports. Pitacos sobre cinema e cultura pop no Entre Sinopses.
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