Crítica | Lobos

Se lançado há 15 anos, Lobos certamente seria um filme para lotar salas de cinema. Afinal de contas, o longa junta duas das maiores estrelas de Hollywood: George Clooney e Brad Pitt. Porém, como vivemos outros tempos, o longa é produzido e lançado pela Apple em seu serviço de streaming, o Apple TV+.

A história do filme é a seguinte: uma promotora de justiça de Nova York interpretada por Amy Ryan se envolve com um jovem que acaba sofrendo um acidente e morrendo. Então, ela busca os serviços de um Lobo, profissional responsável por limpar cenas de crime e se livrar das evidências. Esse profissional é o personagem de Clooney, que possui muita experiência no ramo. Porém, ambos são surpreendidos quanto o personagem de Pitt entra em cena. Ele também é um Lobo e foi contratado pela dona do hotel em que a situação aconteceu para evitar que aquela tragédia se torne uma mancha à imagem do estabelecimento.

Então, temos os nossos conflitos: uma cena de crime, dois especialistas em limpar a bagunça e a situação mais impossível de todas — homens acostumados a trabalhar sozinhos tendo que se unir em prol de uma missão que, apesar de ser diferente para cada um deles, possuem pontos em comum e a “vitória” sobre o caso é necessária para que ambos tenham sucesso.

Daí se constrói uma trama até mesmo batida em filmes de Hollywood. Uma dupla improvável, que não se gosta, precisa unir forças e trabalhar juntas. O começo é tortuoso e complicado, mas aos poucos eles precisam desenvolver uma relação de amizade para conseguir concretizar seus objetivos.

Lobos é isso, um filme que não inova em sua trama e está fortemente apoiada em seus protagonistas. Isso é tão sintomático que sequer ouvimos os nomes dos personagens principais sendo citados, afinal de contas o que importa é ver George Clooney e Brad Pitt atuando juntos novamente. As figuras dos atores são muito maiores que a dos personagens em tela.

Há algumas poucas surpresas e reviravoltas, mas no geral a história do filme não é o ponto mais interessante. Também há oportunidades e situações em que o longa poderia tomar escolhas diferentes, mas ele opta por não fugir do comum. Uma piada recorrente é sobre a idade dos personagens e como eles não conseguem ser mais tão brilhantes como antigamente, talvez uma metáfora para a situação dos próprios atores neste filme.

Trata-se de um filme divertido, com uma vibe gigantesca de nostalgia e um gostinho de Sessão da Tarde, não duvido dentro de alguns anos esse filme começar a passar nas tardes da TV aberta mesmo. Uma adição interessante ao catálogo do streaming, pena que os produtos da Apple TV+ fiquem tão escondidos, seja pela baixa adesão do público ao streaming ou pela baixa divulgação da plataforma no país.

Se você quer se divertir, ter uma boa dose de nostalgia e dar boas e bobas risadas, Lobos é esse filme. Mas não espere nada além de uma diversão simples. Afinal, como o longa mesmo deixa claro, os dias de glória ficaram para trás.

Lobos (Wolfs, 2024)

Direção: Jon Watts
Ano: 2024
Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Amy Ryan, Austin Abrams e Poorna Jagannathan
Duração: 1h47min
Nota: ⭐ ⭐ ⭐(3/5)

Lobos final explicado: o que acontece no final do filme?

Um trecho com SPOILER para quem ficou com dúvida sobre a resolução do filme.

Após concretizarem a entrega do “pacote” junto com o personagem de Austin Abrams, os Lobos interpretados por Clooney e Pitt entendem que uma trama muito maior estava sendo armada para ambos. O verdadeiro alvo da entrega eram os dois, que deveriam ter morrido no tiroteio provocado pelos albaneses.

Porém, como conseguiram se livrar dessa armadilha, na última cena vemos que os dois seguem sendo alvos e, enquanto estão em um café, o local fica totalmente vazio e, pela janela, vemos que há diversos atiradores preparados para atacá-los. Eles dizem um para o outro que não vão conseguir sobreviver e se preparam para contra-atacar.