Crítica | Flow

Se você espera que Flow seja um animação super tradicional, já te adianto que não é. O filme feito na Letônia é mais um dos concorrentes ao Oscar 2025 na categoria de melhor animação e hoje vamos falar um pouco sobre ele.

Em Flow acompanhamos a história de um gatinho que tenta sobreviver em um mundo que está completamente inundado. Em meio a sua jornada, ele encontra alguns outros animais: um cachorro, uma capivara, um lêmure e um pássaro, e juntos eles tentam sobreviver num mundo cujas circunstâncias não são as mais ideais para eles.

Um filme fora do padrão

Diferentemente dos típicos filmes Hollywoodianos, Flow não tem uma narrativa muito óbvia e direta. O roteiro não faz questão de explicar claramente o que está acontecendo em momento algum; a história não te leva a caminhos exatos e te faz refletir o tempo todo sobre onde àquilo tudo vai chegar. Porém, o longa não faz questão de chegar a esse “tal lugar”. Fica mais naquela história de o verdadeiro desfecho são os amigos que fazemos no caminho.

O longa também se mantém “misterioso” em certos aspectos. “Por que aquela inundação aconteceu?” “Onde estão os seres humanos?” “Como esses animais sobreviveram?” são algumas das questões que me vieram a mente enquanto assistia. É bom não ter um filme completamente mastigado e que te faça pensar um pouco mais enquanto se assiste, mas entendo quem não entender tudo o que está acontecendo por completo e talvez não curtir muito por isso.

Personagens carismáticos que você vai se apegar

Se tenho uma certeza sobre esse filme é que qualquer um vai se apegar aos bichinhos em não muito tempo. O protagonista e os coadjuvantes são tão fofinhos! Impossível não gostar e se conectar com eles. Cada um tem uma personalidade muito distinta e que no fim das contas se equilibram. O gato é arredio e desconfiado, o cachorro alegre e brincalhão, a capivara tranquila e preguiçosa, e assim vai. Mas o que mais vale destacar aqui as interações do lêmure com qualquer um dos outros porque sempre são bem engraçadas, funcionam como alívio cômico.

Os bichinhos são bem expressivos, não somente no corpo, mas também no olhar. O filme é inteiramente sem falas, então a única forma que realmente conseguimos ter noção do que eles estão sentindo, pensando ou se “falando” é através de suas expressões corporais. A movimentação de cada um é extremamente realista (pelo menos do gato e do cachorro consigo consigo dizer com total certeza, afinal nunca vi um lêmure, uma capivara ou aquela espécie de pássaro tão de perto) e há um equilíbrio perfeito entre o ar cartunesco de animais em situações mais tipicamente humanas e seus trejeitos naturais.

Eita, animação bonita!

No quesito técnico, tudo é lindo, muito lindo. A animação é belíssima e todos os cenários são interessantes de olhar. Fica naquele bom balanço entre realismo e cartoon como mencionei anteriormente. E quando soube que o orçamento do longa foi extremamente baixo (menos de 4 milhões de dólares) fiquei de queixo caído. Como conseguiram fazer uma animação tão bem feita e polida com tão pouco dinheiro? Não faço ideia. Só sei que a execução é espetacular. Procure assisti-lo na maior e melhor tela possível para aproveitar ao máximo a experiência.

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Boas lições e pequenas imperfeições

Flow é repleto de mensagens e lições bacanas, sendo a importância do coletivo a maior delas. O filme também traz outras ideias interessantes, como o fato de que animais de espécies tão diferentes acabam se tornando uma espécie de família, até mesmo mais funcional e amorosa do que as de suas origens. Também há uma forte mensagem do quão importante é aprender a viver com as diferenças. Cada animal tem sua força e fraqueza e todos são necessários para o bom funcionamento da pequena “vila” que construíram.

Uma coisa que me incomodou um pouco foi o andamento da história. Lá pra exatamente 1 hora de filme parecia que tudo estava resolvido e ali a história se encerraria. Mas, não. Mais 25 minutos de longa ainda estavam por vir. Não que o que veio depois foi ruim, só acredito que a trama poderia ter se encerrado um pouquinho antes, ou então, que esse momento que acabo de dizer fosse ao final de tudo, traria um fechamento um pouco mais coeso em minha opinião.

Flow é uma boa animação?

Flow é um filme interessantíssimo de assistir. É daqueles que fica com você por um bom tempo depois que termina, e isso é bom! Definitivamente não é esquecível. É um filme contemplativo e com um final aberto, fica a critério do espectador imaginar o que de fato aconteceu. No final das contas, é uma animação que guarda ótimas mensagens: unidos somos mais fortes e o que é bom para um pode não ser bom para o outro.

Flow

Direção: Gints Zilbalodis
Ano: 2024 (2025 no Brasil)
Duração: 1h25min
Nota: ⭐⭐⭐ (3/5)

Sobre o Autor

Luane Mota

Baiana, 22 anos, estudante de Cinema e Audiovisual. Apaixonada por animações e videogame. Amo falar e escrever sobre meus filmes, séries e livros favoritos.