Crítica | Echo

Crítica | Echo

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Echo pode ser descrita de forma bem simples: um experimento da Marvel que mistura o que as produções do estúdio tem sido e o que elas querem ser. No decorrer do texto, explico melhor a ideia.

Anunciada antes mesmo da estreia de Gavião Arqueiro, série em que a personagem Maya Lopez (Alaqua Cox) fez a sua estreia, Echo já foi recebida com olhares de desconfiança pelo público. E quando conhecemos a ‘assistente’ do Rei do Crime (Vincent D’Onofrio), a recusa em aceitar a produção foi ainda maior. Seja pela falta de carisma ou interesse, o desafio seria gigantesco.

Coloca-se em meio a tudo isso os fracassos inúmeros da Marvel no cinema e no streaming, culminando a uma diminuição nos lançamentos e diversos adiamentos, Echo parecia um caso perdido. Mas tudo mudou quando os executivos da Disney/Marvel resolveram fazer uma experimentação. A série foi reduzida de seis para cinco episódios, teria o seu lançamento todo de uma só vez (e não mais com episódios semanais, como de costume para a empresa) e adotaria uma classificação indicativa TV-MA (para maiores de 18 anos, nos EUA). Além disso, foi criado o selo Marvel Spotlight, que agora abrigará todas essas produções mais urbanas e para maiores.

Pronto, isso e um interessantíssimo primeiro trailer foram suficientes para alterar a percepção do público sobre a série e dar a Echo o holofote que ela precisava. Mas, com o lançamento da produção, sinto em dizer que quem achava que essa era a salvação da Marvel, precisa calibrar as expectativas.

Como foi dito lá no início, Echo ainda carrega os diversos pecados das produções anteriores da Marvel para o streaming. Um início promissor, uma história bagunçada e muitas vezes com muitos focos, uma montagem esquisita e, principalmente, um final decepcionante. Isso quer dizer que você não deve assistir a série? Nada disso, há coisas interessantes e agora entramos na segunda parte da introdução.

Essa série carrega muito do que a Marvel vai procurar ser daqui para frente. O streaming é um excelente local para focar nas produções mais urbanas, realistas e de tom mais sério, como era na época em que Demolidor e Jessica Jones, por exemplo, chegaram à Netflix. Talvez um caminho seja deixar as grandes sagas e fantasia para as telonas enquanto o Disney Plus recebe, na maior parte do tempo, esse tipo de produto mais sombrio, digamos assim.

Então a violência, prometida e alarmada pela classificação indicativa (que ficou 16 anos no Brasil, ressalte-se), está aqui, mas muito menos do que poderia e deveria. Imagens chocantes aparecem aqui e ali. O tom está mais acertado, com menos piadas quebrando momentos tensos, e humor equilibrado na dose quase certa (exceto por um personagem).

Quando o Rei do Crime de D’Onofrio está em tela, a série cresce bastante. Ele carrega todas as cenas e diálogos com maestria, e nos mostra o quanto fez falta nesse tempo todo em que o MCU não aproveitou o personagem. A relação entre Fisk e Maya é o ponto-chave de força da série.

Outro destaque é a representação Choctaw, que ganha relevância e acontece de uma forma didática e muito legal, principalmente explicando o alter-ego que Maya ganha nos quadrinhos, e aqui é bem diferente, mas talvez ainda mais legal. A família também é importante, mas o público se sente tão desconectado deles quando a própria protagonista.

Por fim, a série tem um desfecho que toma decisões inacreditáveis. Dá para vê-las chegando, mas temos fé até o último momento para que não acontecessem, mas acontecem. Uma pena, pois poderia ser feito de uma forma totalmente diferente, metafórica, que ficaria bem mais bonito em tela e faria sentido com o tom da série.

Echo está longe de ser desastroso, como muitos imaginavam, mas também não é a salvação dos problemas da Marvel. As soluções estão em algumas coisas que são colocadas aqui, mas que ainda não estavam sendo pensadas antes da reformulação que foi iniciada depois da série já estar praticamente pronta. Há o que gostar, há o que não gostar. A experiência agrada mais que produções anteriores, como Invasão Secreta, mas ainda não chega no ponto em que os fãs tanto esperam.


Echo

Direção: Sydney Freeland e Catriona McKenzie
Ano: 2024
Gêneros: Animação, aventura, policial.
Elenco: Alaqua Cox, Vincent D’Onofrio e mais.
Nota: ⭐⭐✨ (2,5/5)

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 28 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.

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