Crítica | Demolidor: Renascido (1ª temporada)

Crítica | Demolidor: Renascido (1ª temporada)

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Cerca de 10 anos após a série original estrear na Netflix, o Demolidor retorna para uma nova produção com o mesmo ator principal — Charlie Cox — porém agora 100% sob o guarda-chuva da Disney e, consequentemente, do Marvel Studios. O personagem já havia aparecido em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e em She-Hulk: Advogada de Heróis, mas volta a protagonizar uma série própria e traz consigo parte do elenco consagrado, com destaque para Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) e Vanessa (Ayelet Zurer).

Mas será que essa nova-velha investida da Marvel deu certo? Com todos os problemas de produção, deu para a reformulação salvar a série? Vamos falar sobre isso e conferir se valeu a pena ou não o retorno do advogado cego e vigilante de Nova York na primeira temporada de Demolidor: Renascido.

Leia aqui todas as análises de episódios da 1ª temporada de Demolidor: Renascido

Um início conturbado antes mesmo da estreia

Demolidor: Renascido já teve problemas muito antes de estrear. Em outubro de 2023, a Marvel decidiu trocar os diretores e roteiristas da série, que já havia gravado boa parte dos episódios. A decisão veio para reformular a produção e trazer de volta ao cânone os acontecimentos da série originalmente exibida pela Netflix. Antes, a ideia era um reboot que traria de volta o ator principal, mas reiniciaria a história desconsiderando o que veio antes.

Desta forma, um dos problemas facilmente notados nesta primeira temporada é que dá para ver direitinho o que é fruto da ideia anterior e o que veio com a reformulação. Os episódios 1, 8 e 9 são os que foram 100% feitos depois, enquanto do episódio 2 ao 7 tivemos muito do material gravado anteriormente com algumas leves alterações para se adaptar justamente a essa nova base que a série iria trazer.

Decisões arriscadas e impactantes

Os novos diretores e roteiristas precisaram lidar com as consequências de decisões tão arriscadas e impactantes que era praticamente impossível reverter. Por isso, logo nos primeiros 15 minutos da série, temos uma dessas decisões que geraram um impacto tão considerável que foram levadas até o final como um dos principais alavancadores da história.

Ao mesmo tempo que é legal ver uma história da Marvel não tendo medo de tomar decisões corajosas, também é um pouco triste que a reformulação não tenha acontecido por completo e acabe tendo que lidar com decisões feitas por outros criadores, o que limita bastante a capacidade dos novos envolvidos em “brincar” e tomar suas próprias escolhas no direcionamento da trama.

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Um protagonismo dividido: Demolidor & Rei do Crime

Se o nome da série, em vez de Demolidor: Renascido tivesse sido Demolidor & Rei do Crime, não haveria erro algum. Ao longo dos nove episódios, com exceção do capítulo 5 da história que conta uma trama mais intimista, em todos os outros temos o protagonismo dividido entre Charlie Cox e VIncent D’Onofrio. Isso é percebido até mesmo nas artes de divulgação da temporada, inclusive na foto de capa que escolhemos para essa crítica.

E, de fato, os dois estão muito bem. As atuações são excelentes e conseguem levar a história por si só, explorando o microuniverso em que estão inseridos e dando tanto a sensação de continuidade em relação ao que vimos antes, como também nos deixa em um lugar confortável ao revê-los em tela.

Os melhores diálogos vêm justamente das cenas que ambos compartilham em tela, infelizmente são poucos, mas marcantes momentos. Que isso seja ampliado na segunda temporada!

A história é boa?

Há muitas ideias interessantes em Demolidor: Renascido nesta primeira temporada, mas nem todas elas são bem exploradas. Gosto bastante de todo arco de Fisk prefeito e como essa trama vai se desenvolvendo ao longo da temporada. Primeiro com a eleição, depois com a tentativa de autocontrole que Fisk precisa ter para manter as aparências, a implementação da Força-Tarefa Antivigilante até o fim com a imposição da Lei Marcial em Nova York para tomar totalmente o controle de tudo.

Mas há alguns problemas consideráveis. A trama dos conflitos entre Fisk e Vanessa se arrasta por muito tempo, as forçadas conexões de história envolvendo Heather Glenn (Margarita Levieva) e até as repetições dos dramas de Matt em relação a agir ou não como Demolidor. Então, também dá para dizer que há pontos altos na trama, como as revelações com o Mercenário (Wilson Bethel) e a trama jurídica do Tigre Branco (Kamar de los Reyes), mas pontos baixos como tudo envolvendo Muse (Hunter Doohan) e as intervenções pouco precisas de B.B. Urich (Genneya Walton).

E a parte técnica?

Considerando todos os problemas de produção que a série enfrentou, o resultado final da parte técnica é bem positivo. As cenas de ação em sua maioria são muito boas, a edição de episódios que sempre tentam colocar a dualidade entre Matt Murdock e Wilson Fisk também funcionam. Há alguns problemas de efeitos especiais que não chegaram a me incomodar tanto.

O maior problema técnico, que acredito vir por consequência das regravações e mudanças na história, sem descartar tudo o que foi feito antes, vem no roteiro que precisa se virar para encaixar tudo e tentar criar uma história coesa. A minha impressão final é que “fizeram o que deu”, o que foi possível, para somente na segunda temporada, com uma produção menos conturbada, tomarem as escolhas e decisões mais coerentes dentro daquilo que acreditam os realizadores.

Vale a pena assistir Demolidor: Renascido?

Apesar de ter muitos defeitos, o retorno do Demolidor ao Universo Cinematográfico Marvel também tem muitos acertos e só pelas atuações de Charlie Cox e Vincent D’Onofrio já valeria a pena assistir. Não é uma temporada perfeita, inclusive longe disso ao pecar em repetições e ter uma certa falta de foco, ainda que justificada pelas reformulações criativas que a produção passou.

As promessas que ficam para o segundo ano deixadas no episódio final, seja com a conclusão parcial do arco principal e as pontas soltas deixadas para o que promete ser uma grande expansão das tramas desse universo mais urbano levam a crer em um potencial gigantesco. Se será feito do jeito certo, nos resta aguardar a segunda temporada que chega em março de 2026!


Demolidor: Renascido (1ª temporada)

Showrunner: Dario Scardapane
Elenco: Charlie Cox, Vincent D’Onofrio, Ayelet Zurer, Margarita Levieva, Zabryna Guevara, Nikki M. James, Genneya Walton, Michael Gandolfini, Clark Johnson, Wilson Bethel, Jon Bernthal, Deborah Ann Woll e mais.
Episódios: 9
Disponível em: Disney+
Nota: ⭐⭐⭐ (3/5)

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 29 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.