Crítica | Conclave

Crítica | Conclave

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Conclave é um filme que mistura thriller, com investigação, terror psicológico e drama. O vencedor de Globo de Ouro 2025, na categoria roteiro, é baseado em um romance de mesmo nome escrito por Robert Harris e lançado em 2016. Como o título já antecipa, o longa mostra o que a imprensa não tem acesso durante esse evento importante da Igreja Católica.

O Entre Sinopses assistiu ao filme em uma sessão para imprensa e aqui está a nossa opinião sobre essa produção que chega forte para a temporada de premiações.

O que é um conclave?

Para que entenda melhor, um conclave é a reunião dos cardeais da Igreja Católica para eleger um novo Papa, realizada na Capela Sistina, no Vaticano. Durante o processo, os cardeais votam em segredo, e um candidato precisa de dois terços dos votos para ser eleito.

As cédulas são queimadas após cada votação, com fumaça preta indicando que nenhum Papa foi escolhido e fumaça branca sinalizando a eleição de um novo Papa. Após aceitar o cargo, o eleito é apresentado aos fiéis com a frase “Habemus Papam”.

O último conclave que tivemos foi em 2013, quando houve a eleição do Papa Francisco (o primeiro Papa americano da história). Sempre que há eleição de um novo pontífice (seja por morte ou renúncia do anterior) é feita essa reunião sigilosa por meio da Igreja, lá no Vaticano.

Qual a história de Conclave? É ficcional?

Em Conclave, acompanhamos a escolha de um novo Papa, um dos eventos mais secretos do mundo. Após a morte inesperada do atual pontífice, o Cardeal Lomeli (Ralph Fiennes) é designado para conduzir o conclave no Vaticano.

Durante a reunião, marcada por interesses diversos entre os líderes católicos, Lomeli descobre uma conspiração e um segredo do falecido Papa que podem abalar os alicerces da Igreja, em meio a reviravoltas que colocam a fé e a instituição em risco.

Embora o filme use fatos, como a organização geral da eleição e o uso da fumaça para comunicar a escolha ou não de um novo Papa, trata-se de uma história ficcional. Ainda assim, o longa deve causar burburinho quando assistido e o debate sobre ele se iniciar nas redes sociais.

Os temas tratados são polêmicos e acredito que o público católico pode ficar incomodado com algumas abordagens.

Conclave deve agradar quem gosta de mistérios e reviravoltas

Sem comparações com outras obras, mas imagine assistir a conspiração administrativa em um ambiente cheio de homens com aparente reputação intocável. Adicione a isto um clima de tensão, medo, não saber em quem confiar, nem muito menos em quem acreditar, mas já notando que tem muito espinho entre flores. Esse é o ambiente do Conclave mostrado no filme.

E, para coroar a história, a parte técnica desse longa é sem adjetivos de tão boa. A fotografia, trilha e a mixagem de som, de forma geral, são pontos positivos que devem ser lembrados na rodada de premiações dos próximos meses.

É um tipo de filme que, se puder, assista no cinema. O áudio está tão bem feito que é como se estivéssemos lá no Vaticano acompanhando as reuniões. É possível ouvir a respiração, que mostra o peso da idade sobre os bispos reunidos, a carga que aquelas posições e conhecimento sobre certos segredos, entrega.

As atuações também valem ser mencionadas. Estão todos muito bem, mas um aceno a mais é preciso ser dado a Ralph Fiennes (O Menu).

Pude sentir o peso que caia sobre os ombros dele apenas pela interpretação que ele conseguiu fazer. Não só a sobrecarga, mas também as incertezas, as dúvidas, o medo de seguir com determinados questionamentos e sem entender se devia ou não andar por alguns caminhos.

Fora do tradicional encontramos inovação

Minha maior experiência com algo de mesmo gênero deste filme é o longa português O Crime do Padre Amaro e isso me preocupou. Quando se trata de escândalo na igreja Católica, infelizmente, é comum já associarmos crimes de cunho sexual. Meu medo em relação a Conclave era lidar com um dilema/drama vazio ou uma história monstruosa e a exploração da dor.

De uma maneira elegante, o filme vai por outros caminhos, sem negar as maiores feridas da igreja, mas mostrando uma outra maneira de se discutir diante dessa ótica religiosa. Além disso, nos faz analisar guerra de poder, influência e outros problemas que são muito mais terrenos do que divinos.

Embora seja uma trama que confronte muito mais o individuo católico, qualquer pessoa imersa em um grupo religioso com camadas hierarquicas, com um mínimo de senso crítico, vai se sentir incomodado.

Esse incômodo é gerado não por uma relação com a igreja católica, mas pela maneira que homens colocam acima do que deveria divino e prioritário seus próprios desejos, ultrapassando assim os valores que prometeram proteger.

Final explicado de Conclave

Ficou com dúvida sobre o final e os segredos do filme Conclave? Clique aqui para conferir o nosso spoiler alert!


Conclave

Direção: Edward Berger
Ano: 2024
Elenco: Ralph Fiennes, Stanley Tucci, Isabella Rossellini e outros
Duração: 2h
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐ ( 5/5 )

Sobre o Autor

Ana Cláudia Oliveira
Jornalista de formação, sou redatora há 10 anos. Já escrevi de tudo um pouco e agora estou mergulhando no universo do entretenimento. Há muito o que se descobrir por aí e é através da comunicação que quero fazer isso: this is the way!

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