Crítica | Bridgerton (3ª temporada – parte 1)

Crítica | Bridgerton (3ª temporada – parte 1)

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Após dois anos de espera, os fãs finalmente receberam na Netflix a terceira temporada da série Bridgerton. O terceiro ano surpreendentemente pulou a ordem dos livros, não adaptando a trama de Um Perfeito Cavalheiro e sim a história de Os Segredos de Colin Bridgerton. Sendo assim, o foco do terceiro ano do seriado britânico coloca em evidência o terceiro irmão da família Bridgerton, Colin (Luke Newton), e a história do seu romance com Penelope Featherington (Nicola Coughlan).

Para começar, precisamos falar sobre a decisão do streaming do Tudum em dividir a terceira temporada em duas partes. A primeira, que será abordada neste texto, chegou em 16 de maio. Já a segunda parte só será lançada em 13 de junho e terá texto também, cujo link ficará disponível aqui após o lançamento. A decisão foi puramente comercial, para deixar a série mais “quente” por mais tempo. Dividir a história em duas partes em nada acrescenta na forma de contar a história. Aos fãs, mais um tempo angustiante de espera.

Agora vamos falar dessa primeira parte da temporada em si. O terceiro ano de Bridgerton já começa diferente dos outros pelo fato de já conhecermos as duas peças do casal principal. Se na primeira temporada tudo era novidade e no segundo ano vemos a chegada de Kate (Simone Ashley) para bagunçar com a cabeça e o coração de Anthony (Jonathan Bailey), a terceira temporada nos traz dois coadjuvantes que agora são alçados juntos aos papeis principais.

Nessa primeira leva de quatro episódios, o destaque vai todo para a Penelope de Nicola Coughlan. Se antes a personagem se esgueirava nos cantos e ficava às sombras, tanto em tela, quanto narrativamente, agora ela toma os holofotes para si e a atriz está completamente à vontade nesse novo momento. Ela é carismática, charmosa e consegue transitar entre os momentos mais engraçados (em especial uma das primeiras cenas em que Penelope tenta flertar no episódio 2) e os mais dramáticos (preste atenção em um diálogo de Penelope com a mãe dela, Portia (Polly Walker), na reta final do episódio 4). Ela toma tanto as atenções para si que se mudassem o nome da série para Featherington, levando em conta só essa primeira parte, não teria problema algum.

Já em relação ao Colin de Luke Newton, o personagem ainda está se encontrando, tanto em tela, quanto narrativamente (a repetição aqui é proposital, caro leitor). Com pouco espaço para desenvolvimento nas duas primeiras temporadas, e aparecendo bem menos que Penelope, algumas decisões narrativas tentam acelerar o passo para que Colin consiga chegar próximo do patamar da sua parceira romântica. É curioso que seu principal desenvolvimento aconteça muito mais nas palavras de Lady Whistledown do que vermos isso em tela. Mas acredito que o melhor do personagem ficou guardado para a segunda parte.

Quando o casal está junto, a primeira parte da temporada 3 de Bridgerton tem os seus melhores momentos. As interações, desde as mais desajeitadas no princípio quando Penelope ainda guarda mágoas por uma fala dolorida de Colin sobre ela no final da temporada 2, até as mais divertidas e românticas, que passam a acontecer com mais frequência a partir do segundo episódio, são naturais e a química entre os atores ajuda a impulsionar o romance, mas que ainda precisa de algo a mais para se igualar aos excelentes casais das temporadas passadas no que diz respeito a ter aquela faísca e tensão romântica e sexual.

Sobre a trama principal, que começa com Penelope decidindo buscar um marido para não ter que cuidar até o fim da vida da mãe ou ficar à mercê das irmãs, passa pela busca pela ajuda de Colin a Penelope a aprender a flertar, e culmina com a conexão dos dois. Temos um roteiro simples e que não dá muitos rodeios. Alguns acontecimentos acabam sendo rápidos e sem tanta profundidade. Há sim momentos tensos, mas imagino que a maior parte do drama foi reservado para a parte 2.

Já falando sobre histórias secundárias, praticamente nenhuma delas acrescenta. A amizade entre Eloise (Claudia Jessie) e Cressida (Jessica Madsen) deve ter frutos na parte 2. A trama envolvendo a família Mondrich até o momento só foi colocada para preencher tela. Benedict (Luke Thompson) está bem apagado. A intriga envolvendo Lady Danbury (Adjoa Andoh), Violet (Ruth Gemmell) e Marcus (Daniel Francis) também ficou para o futuro.

O único papel coadjuvante com relevância é o de Francesca (Hannah Dodd). Debutando na alta sociedade, a sexta irmã Bridgerton se mostra bem diferente do restante da família e isso é muito interessante. Sua história com John Stirling (Victor Alli) ainda foi pouco mostrada, mas já consegue chamar atenção.

A parte 1 da temporada 3 de Bridgerton é apressada em acontecimentos, e até mesmo por isso vai direto ao ponto. O público já conhece os protagonistas então não é preciso rodeios para desenvolver sua trama. Penelope se destaca, Colin melhora, mas ainda não chegou lá. A última cena é a mais interessante (sob a trilha sonora de Give Me Everything) e parece pavimentar o caminho para uma parte 2 com muito mais drama e intensidade. É um bom começo, que ainda não supera os melhores momentos da série, mas que pode levar a isso na reta final.


Bridgerton (3ª temporada – parte 1)

Showrunner: Jess Brownell
Ano: 2024
Duração: 4 episódios
Elenco: Nicola Coughlan, Luke Newton, Claudia Jessie, Luke Thompson, Polly Walker, Hannah Dodd, Ruth Gemmell, Golda Rosheuvel, Adjoa Andoh, Jonathan Bailey, Simone Ashley e mais.
Nota: ⭐⭐⭐ (3/5)

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 28 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.