Crítica | Andor (1ª temporada)

Um derivado de um derivado. Um prequel de um prequel. Qual a probabilidade de funcionar? Ainda que Rogue One – Uma História Star Wars tenha sido um filme muito bem avaliado pelo público, qual a chance de uma série focada em Cassian Andor, um dos personagens do filme, dar certo e cair nas graças dos fãs de Star Wars? A força nem sempre age da maneira que imaginamos e a resposta é que Andor é simplesmente uma das melhores coisas já feitas em toda a franquia.
Qual é a história da série Andor?
Em sua primeira temporada, a série nos leva a acompanhar o personagem Cassian Andor (Diego Luna) algum tempo antes da sua aparição no filme Rogue One. Vemos o início da sua jornada de transformação até o seu envolvimento com a Aliança Rebelde, que a cada episódio fica ainda mais claro que já acontecia antes mesmo dele saber disso. Além disso, vemos mais sobre a dominação do Império Galáctico em diversas partes do universo e como cresce o sentimento de resistência contra a opressão desse sistema político tirano.
Na primeira temporada, Andor traz uma história de espionagem, suspense e ação que nos coloca para conhecer os primeiros passos da Rebelião e como Cassian Andor deixa de ser uma pessoa que age por interesses pessoais para se tornar essa figura fundamental para a consolidação dos planos da Aliança Rebelde.
Ao todo são 12 episódios em que basicamente a cada agrupamento de três capítulos temos um andamento da história, conectando os pontos em uma trama com roteiro preciso e principalmente uma maturidade nunca antes vista em toda a saga Star Wars.
Andor é surpreendentemente um dos melhores produtos de Star Wars
Star Wars é uma franquia com quase 50 anos de existência em 2025 e com isso já foi possível explorar diversos focos ao longo desse tempo. Não dá para não dizer que a primeira trilogia é construída visando um público infanto-juvenil, ainda que não deixe de tratar de assuntos mais sérios nos planos de fundo. Não é algo bobo, mas também não existe uma grande seriedade em evidência.
Eis que na primeira temporada de Andor, lançada em 2022, temos o maior distanciamento de diversos elementos consagrados da franquia. Não temos Jedi, não temos o uso da Força, não temos sabres de luz, não temos algumas das típicas piadinhas e nem todas as frases marcantes estão lá. Isso faz essa ser uma produção boa somente por isso? Claro que não! Porém ajuda a consolidar Andor como uma expansão necessária de universo.
Dá para Star Wars ser infantil, dá para Star Wars ser divertido, dá para ficar empolgado com as batalhas de sabres de luz e usos da Força das mais diversas maneiras, mas também dá para usar os elementos da franquia para ter uma conversa mais séria e com temas mais centrados em paralelos na vida real.
Desde 1977, George Lucas inseriu elementos políticos claríssimos em sua obra-prima, e se você nega isso, talvez tenha assistido errado. Como falei, para as crianças pode passar batido e a diversão continua lá, mas basta um olhar mais atento que você percebe. Só que em Andor, tal sutileza ou tratar esses elementos somente de forma superficial, fica para trás. O foco está completamente no lado político, e isso não fica só evidente com as cenas em tela, mas com os diálogos, as imagens, as atitudes dos personagens e seus objetivos.
Uma poesia em formato de série
São poucas as obras audiovisuais que conseguem reunir tantas frases marcantes como Andor faz em sua primeira temporada. No episódio 3, chamado Reckoning (Acerto de Contas), a personagem Maarva (Fiona Shaw), mãe adotiva de Cassian Andor, fala enquanto nós ouvimos o povo de Ferrix demonstrando sua união contra a tirania do Império.
Quando o som do alarme do planeta começa a tocar, os guardas imperiais presentes no local se movimentam. Mas é quando o som se encerra que o verdadeiro “perigo” para esse sistema opressor começa.
Por isso, quando Maarva diz que “É assim que um acerto de contas soa; você quer parar, mas ele continua vindo… é quando ele para que você realmente começa a se preocupar”, não tem como não se arrepiar. E essa frase tão singela representa bem o que essa série é. Um aviso, um vislumbre do que estava por vir. O povo não está mais calado diante dos tiranos, eles estão se movimentando. É o início da Aliança Rebelde.
Vale a pena assistir Andor (1ª temporada)?
Como falei no início desse texto, a força nem sempre age da maneira que imaginamos e Andor ser esse produto tão incrível que é, é realmente de surpreender. Não somente por sua qualidade, mas por conseguir existir diante de tantas coisas que poderiam limitar a produção.
Todo episódio importa e traz assuntos relevantes. Destaco os capítulos 3 (Acerto de Contas), 5 (O machado esquece), 6 (O Olho), 10 (Só uma saída) e 12 (Rix Road). Mas daria para falar as qualidades de todos os episódios e fazer grandes textos sobre cada um deles.
Um dos maiores acertos da série é conseguir fazer a gente se importar com um personagem cujo destino já conhecemos. Cassian Andor (Diego Luna) atravessa diversos momentos aqui, passando de uma figura que pensa em si mesmo para alguém que abraça algo maior. E, mesmo sabendo o que acontece com ele em Rogue One, tememos por cada passo e dificuldade que ele passa aqui.
E a série é tão boa que nos apresenta outros personagens incríveis como Bix (Adria Arjona), Luthen (Stellan Skarsgraard), Maarva (Fiona Shaw), Vel (Faye Marsay), Kino Loy (Andy Serkis) e ainda traz de volta figuras como Mon Mothma (Genevieve O’Reilly) e Saw Gerrera (Forest Whitaker). Todos acrescentam muito à história e ninguém está desperdiçado.
Por fim, não dá para deixar de falar dos vilões, aqui representados em duas figuras: Syril Karn (Kyle Soller) e Dedra Meero (Denise Gough). Eles são figuras que não são grandes dentro da hierarquia imperial, e por isso é super interessante acompanhar esse lado mais “operário” dos tiranos que já estamos acostumados a ver na franquia. Conhecemos seus desejos, seus objetivos e como funciona a cabeça deles. Ou seja, até nisso Andor consegue acertar. Apesar de “humanizar” os vilões, nos faz odiar ainda mais tudo o que a figura do Império enquanto sistema opressor representa.
Se você AMA Star Wars e quer conferir um produto mais maduro da franquia, explorando situações e lados que foram somente pincelados nas outras obras deste universo, não há nada mais incrível para assistir do que Andor. E se você assistir e ainda assim não entender a mensagem, talvez Star Wars nunca tenha sido para você.
Andor (1ª temporada)
Criação: Tony Gilroy
Elenco: Diego Luna, Kyle Soller, Adria Arjona, Stellan Skarsgård, Fiona Shaw, Genevieve O’Reilly e mais.
Episódios: 9
Disponível em: Disney+
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐ (5/5)
Sobre o Autor

Últimos posts
Filmes23 de abril de 2025Crítica | Looney Tunes – O Filme: O Dia Que a Terra Explodiu
Séries22 de abril de 2025Crítica | Andor (1ª temporada)
Spoiler Alert20 de abril de 2025Spoiler Alert | O Plano Perfeito (Final explicado)
Séries18 de abril de 2025Crítica | Demolidor: Renascido (1ª temporada)