Sex Education (4ª temporada) – Crítica
Recentemente, a Netflix lançou a 4ª e última temporada de Sex Education, produção que conquistou o público com a sinceridade e honestidade ao tratar de um assunto tão polêmico: a sexualidade entre os adolescentes. Contudo, ao chegar em seu último ano, com elenco desfalcado e precisando modificar o centro da trama – além de incluir um núcleo totalmente novo de personagens – a série encalha em tramas superficiais, diálogos expositivos e falta de personalidade.
É uma pena a forma como termina Sex Education. A produção pode ser considerada uma marca na Era do Streaming, pela temática abordada e o engajamento conquistado. Exatamente por isso fica o sentimento de frustração ao assistir o último ano. Aquela sinceridade que nos apaixonou, aqueles complexos personagens se tornaram rasos. Infelizmente, o grande erro da série é tentar dar ponto final nos protagonistas, ao mesmo tempo em que insere novos personagens – com potencial, mas que são subaproveitados – e acaba, com isso, não avançando em nenhum sentido.
Mesmo assim, os destaques ficam por conta de Eric (Ncuti Gatwa), Ottis (Asa Butterfield) e Aimee (Aimee Lou Wood), três dos mais queridos pelo público. A começar por Eric e Aimee, que seguem a curva de autoconhecimento e superação de traumas, fechando com naturalidade os arcos e, finalmente, sendo felizes por completo.
Já Ottis é diferente, como centro da trama ele sofre com os altos e baixos dessa temporada, faz parte de um arco bem desenvolvido com O (Thaddea Graham) em uma relação de rivalidade e aprendizado para ambos, mas também sofre com o fraco desenvolvimento na relação com Maeve (Emma Mackey) – que pode ser considerada a grande “perdedora” da temporada, pois demora 80% da temporada para realmente se encontrar – e, também, pela falta de amadurecimento (com exceção do último temporada) das interações com a mãe Jean (Gillian Anderson).
Com relação aos novos personagens e o núcleo escolar, foi apenas uma forma para os roteiristas fugirem de perguntas simples como: por que metade do elenco simplesmente sumiu e ninguém fala mais neles? Pois bem, não adiantou, mesmo com o potencial das adições, não foi suficiente para tirar aquele gostinho de “Hm, essa não é mais a mesma série pela qual me apaixonei”.
Em meio a tudo isso, ainda restam excelentes momentos, com diálogos que nos emocionam e fazem relembrar da honestidade que acompanhamos durante os três anos anteriores. Porém, eles acabam sendo exceções em meio a dezenas de conversas com dois propósitos claros: fechar arcos e dar lições de moral. A sinceridade foi para o mesmo calabouço onde diversos personagens foram escondidos.
Talvez, Sex Education tenha terminado como uma série adolescente, com personagens adolescentes que realmente são inconstantes e rasos. Mas a produção nos acostumou e ensinou que a complexidade faz parte de todos e, não é por ter 17 anos, que a vida precisa ser simples e as decisões não têm impacto. Quem sabe, um ano a mais ou a menos resolveria o problema, mas a quarta temporada, definitivamente, foi um final que deixou a desejar pela excelente qualidade apresentada anteriormente.
Sobre o Autor
- Jornalista, 26. Repórter no Folha do Mate, podcaster no Na Tabela e HTE Sports. Pitacos sobre cinema e cultura pop no Entre Sinopses.
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