Besouro Azul (2023) – Crítica

Besouro Azul (2023) – Crítica

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É fato que a marca DC COMICS está desgastada. A prova maior disto é o fraquíssimo desempenho dos recentes lançamentos dos heróis da editora nos cinemas. Adão Negro, Shazam – Fúria dos Deuses, The Flash e o recente Besouro Azul. Nenhum sucesso de público, prejuízo financeiro e críticas completamente divididas.

A tarefa de Besouro Azul não seria fácil. Lançado dois meses após The Flash, em meio a uma greve dos atores de Hollywood que impedia a participação dos protagonistas em sua divulgação e o orçamento baixo do longa prejudicaram a visibilidade que naturalmente já seria mais reduzida.

Com todos esses problemas, dá para cravar que o filme é uma bomba, correto? A verdade é que NÃO!

Na história acompanhamos o jovem Jaime Reyes em seu retorno à Palmeira City, cidade em que mora a sua família, após passar anos estudando Direito em Gotham. A família tenta esconder dele vários problemas, como as dificuldades financeiras que ameaçam tirar a moradia, bem como um infarto sofrido pelo patriarca.

Jaime, então, decide buscar um trabalho para ajudar nas contas e isso o colocará no caminho da família Kord através das figuras de Victoria (Susan Sarandon) e Jenni (Bruna Marquezine). Quando Jenni decide se intrometer nos planos da tia e rouba um artefato, ela acaba recorrendo a Jaime para esconder o objeto. O que eles não sabiam é que o Escravelho acabaria escolhendo Jaime como novo hospedeiro e assim faria o jovem se tornar o novo Besouro Azul.

A trama do filme não é nem de longe original. Nem a trama, nem o roteiro, nem os poderes, nem o visual. Besouro Azul é um filme totalmente derivado e reconhecível. São inúmeras referências e inspirações em longas de origem como Homem-Aranha, Homem-Formiga, Shazam, The Flash, Homem de Ferro, Venom e tantos outros.

No entanto, há um pequeno diferencial que salva o filme de ser uma coletânea de possíveis cópias de antecessores: a cultura latina presente no longa. Seja nas referências a programas de TV ou novelas que só quem já ouviu falar vai entender ou nas reações calorosas às situações que ocorrem com os personagens, algo muito mais próximo de nós (brasileiros) do que dos americanos. Sabe quando rola uma piada muito específica sobre programas de TV dos EUA que passam batidos para nós ou que são alterados na dublagem em português? Besouro Azul terá esse efeito para quem não tem base na cultura latina.

E ao mesmo tempo que isso é a bênção, também pode ser a maldição de Besouro Azul. Enquanto no México, Brasil e América Latina o longa deve ser bem recebido, as previsões para o resto do mundo não são nada animadoras. E como o filme tem exatamente isso como diferencial, dificilmente será suficiente para furar a bolha.

Efeitos especiais em boa parte do filme são bons, superiores até mesmo a do filme do Flash, que custou muito mais caro. A ambientação, no entanto, deixa clara a proposta inicial de um filme para TV. É aqui onde o orçamento baixo mais pesa.

Por outro lado, o protagonista e sua família são bem aproveitados, ainda que as vezes situações sejam extremamente forçadas. Coincidências são praticamente as pontes entre todos os arcos do filme. Bruna Marquezine tem muito espaço e manda bem na maioria das suas cenas, mesmo que a personagem seja um dos principais pontos das tais coincidências e exposições de roteiro.

De ponto mais negativo temos os vilões. Caricatos, sem qualquer carisma ou motivações que vão além de “olha como sou malvado”, a velha fórmula de replicar os poderes do herói não funciona aqui. Uma pena, pois uma ameaça de peso poderia tirar ainda mais Besouro Azul do lugar comum.

E talvez comum seja a palavra que melhor defina o filme. É engraçado e divertido, mas nunca é empolgante o suficiente para sair da linha da mediocridade. Gostei do filme, mas não o suficiente para torná-lo memorável. Em outro momento isso seria o necessário para ser o “sucesso da semana”. Mas, com todo o histórico já estabelecido neste texto, é fácil entender o motivo do flop. Uma pena por tudo que envolve o filme, mas em nada surpreende.

Sem pretensão de ser original, Besouro Azul ri de seus clichês e diverte usando a família como potencializador de uma história facilmente reconhecível. Porém, no fim das contas, é um filme apenas legal e sem originalidade. Tem um elemento que o torna um pouco além do “mais do mesmo”, mas também não foge muito disso. A ver se terá futuro nos novos planejamentos da DC Comics no cinema.


Uma frase: “Eu também!”;
Uma cena: A primeira transformação do Besouro Azul;
Melhor referência: quando uma certa novela e um determinado seriado de TV são citados.

Sobre o Autor

Heider Mota
Heider Mota
Baiano, 28 anos, jornalista. Gosto de dar meus pitacos sobre filmes e séries por aqui.

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